Todos os dias, um idoso é vítima de violência em MOC

Estatística preocupa porque maioria dos casos acontece em casa, com integrantes da família como autores

Manoel Freitas
15/06/2019 às 08:53.
Atualizado em 05/09/2021 às 19:07
 (MANOEL FREITAS)

(MANOEL FREITAS)

Mais de 150 casos de violações ao direito da pessoa com mais de 60 anos foram registrados em Montes Claros de janeiro a maio deste ano – média de um por dia. A maioria das ocorrências acontece em casa, com pessoas da família como autores de agressões, maus-tratos, exploração financeira ou abandono.

Os dados foram apresentados nesta sexta-feira (14), Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa, pela Coordenadoria do Idoso e do Conselho Municipal do Idoso de Montes Claros.

Segundo a assistente social Cibele Freire Diniz Oliveira, há dez anos à frente desses órgãos, os números registrados na cidade estão um pouco abaixo da média nacional do ano passado, que foi de 438 casos.

Das 150 ocorrências em Montes Claros nos cinco primeiros meses deste ano, 47 tratavam-se de problemas familiares, resolvidos com orientação. Mas, no topo do ranking estão o abandono, negligência e abuso financeiro, seguidos de agressões psicológicas e verbais, que exigem o acionamento da Polícia Militar e do próprio Ministério Público.

“Ainda que fosse um só caso, valeria envolver toda a sociedade para celebração desse dia, para tentarmos criar uma onda contra a violência”, ressaltou Cibele Freire.

E ontem a praça Doutor Carlos ficou repleta de idosos e pessoas que compram a briga pelos direitos dessa parcela da população. Diversas instituições e voluntários desenvolveram atividades para chamar a atenção da sociedade com relação aos direitos de pessoas nessa faixa etária.

É o caso do Serviço Social do Comércio (Sesc), que envolveu no evento toda a equipe e parte dos 200 idosos que atende diariamente em Montes Claros.
 
EM CASA
“Na verdade, esse dia não deveria nem existir, pelo respeito que devemos aos mais velhos. Mas, como em 75% dos casos a violência acontece no ambiente familiar, o Sesc procura, ano após ano, envolver um número cada vez maior de idosos e familiares em seus projetos”, afirma a pedagoga Ruth Proença Mendes Almeida, diretora do órgão.

Um leque de atividades diárias é oferecido a esse público, como seresta, coral, palestra, curso de memória afetiva, no qual resgatam o valor da família.

O Sesc, segundo Ruth Proença, é pioneiro na cidade nos trabalhos sociais em favor dos idosos – alguns deles acima de 90 anos. “Isso ajuda no aumento da autoestima e na inserção deles na sociedade, contribuindo diretamente para que todos se conscientizem e seja dado um basta na violência”, ressalta.

Trabalhos como esse, que fortalecem o idoso, são fundamentais para que as denúncias cheguem até o Núcleo, alerta Cibele Freire. “As vítimas têm que criar coragem para superar abusos, intimidações e tantas outras violências sofridas dentro ou fora de casa”, diz.

Em Montes Claros, os números deste ano praticamente não sofreram alteração em relação aos do ano passado. Cibele atribui essa manutenção ao fato de que parte das vítimas de violações se recusa a receber a equipe de psicólogos e assistentes sociais, a chamada autonegligência.
 
DE BEM COM A VIDA
Na praça Doutor Carlos, os idosos participaram de várias atividades, como dança, mediram a pressão, fizeram exames de vista, dentre outros. Moradora do bairro Esplanada, Hilda Alves Fernandes, de 86 anos, fez coro ao movimento e ficou alegre com o resultado do exame de pressão (13/9). “Quase boa”, sorriu.

Hilda foi acompanhada de parte do grupo “De bem com a Vida” que, de segunda a sexta-feira, reúne 50 idosos na praça central do bairro.

Adalvina Barbosa da Silva, de 77 anos, também não perdeu a oportunidade de se divertir, mexer com o corpo e verificar a saúde. Atendeu ao chamado do Sesc, onde há 18 anos participa de extensa programação. “Sem nunca perder um dia”, frisa, lembrando que foi uma das primeiras a chegar ao evento por reconhecer a relevância na defesa dos direitos dos idosos.

“Lá a gente faz muita coisa bonita, como bordado, dança, a gente se movimenta. Mas é um dia mais especial ainda, dia de todos nós”.

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