
A população de surdos de Montes Claros marcou presença, ontem, na audiência pública que discute, na Câmara Municipal, a implantação da Escola Bilíngue para Surdos. A proposta da audiência foi do vereador Sóter Magno (PP).
Veronícia Gomes, intérprete de Libras da Câmara Municipal e membro do Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência, alerta que a escola é a oportunidade para a comunidade surda do Norte de Minas. Ela reforçou que, desde 2015, existe um terreno de 1.140 metros no bairro Canelas, destinado à construção do educandário.
“É uma realidade possível e muito simples de acontecer em Montes Claros. O projeto foi feito, com um grupo de pessoas estudiosas que já vivenciaram esta situação e o município tem profissionais que podem trabalhar na escola. Montes Claros é muito importante no cenário nacional, nesse contexto, e está perdendo, por não ter uma escola municipal bilíngue”, disse.
O também instrutor de Libras Alex Fabiano contou que seu trabalho é limitado à Secretaria Municipal de Educação e lamenta não ser aproveitado em outras funções, como a de professor.
“As pessoas não conhecem com profundidade a realidade da pessoa surda. Precisam entender. Sou formado em pedagogia, tenho curso superior e posso ir à escola de crianças para ensinar, mas o regimento não permite. O cargo está errado. Meu sonho de futuro é que as crianças aprendam a língua de sinais e se desenvolvam”, disse.
De acordo com Alda Márcia, da Superintendência Regional de Ensino, é necessária uma diretriz do MEC para tornar o sonho possível, e isso já está sendo pensado pelo órgão.
“O município só pode autorizar a escola para o ensino infantil. Daí para a frente, precisa pedir autorização especial à superintendência e ao Conselho Estadual. Não dá para caminhar separado. É preciso que as coisas venham organizadas, para que possamos fazer”, sugeriu.
“Temos, na Rede Municipal de Ensino, oito alunos, do primeiro ao nono ano, quatro alunos na educação infantil e oito intérpretes para atender esses alunos. O intérprete acompanha o estudante todo o tempo. A discussão tem que ser aprofundada. Apenas uma audiência não é suficiente para tratar o assunto” disse a representante da Secretaria Municipal de Educação, Marielle Duarte.