Servidores da coleta de lixo expostos a riscos

Caminhões estão em situação precária e estrutura de trabalho é inadequada

Márcia Vieira
O Norte - Montes Claros
01/02/2020 às 07:55.
Atualizado em 27/10/2021 às 02:30
 (DIVULGAÇÃO)

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Depois da denúncia de que a Prefeitura de Montes Claros proibiu os servidores de usarem o ar-condicionado, micro-ondas, geladeiras e ebulidores no prédio do Executivo municipal, outras atitudes do gestor que prejudicam os trabalhadores vêm à tona.

Desta vez, o alvo é o setor de coleta de lixo, que funciona no bairro Carmelo. Segundo servidores, as condições precárias dos veículos e na estrutura de trabalho expõem todos a riscos de acidentes.

São cerca de 40 motoristas e mais de cem garis, divididos em três turnos de trabalho. Um tem início às 7h, outro às 14h e o último turno às 20h, com término previsto para as 2h40.

“Frequentemente, os caminhões estão quebrados e, com isso, os motoristas do último turno saem para a rua às 2h, porque têm que esperar o retorno dos outros veículos”, contou um servidor, acrescentando que a oficina fica trancada no turno da noite e que não há funcionário para fazer reposição quando surge uma necessidade no último turno.

“Mesmo os veículos que estão na ativa oferecem risco. Alguns deles estão com os pneus carecas. Outros não têm os vidros nas janelas e estão com os bancos rasgados. A população não sabe o que acontece de fato, porque os funcionários fazem das tripas coração para conseguir efetuar a coleta”, acrescentou o trabalhador.

MAIS POLUIÇÃO 
Além do perigo para a saúde dos trabalhadores, a população, sem saber, tem respirado um ar menos puro. Um produto deveria estar sendo usado para reduzira emissão de gases tóxicos pelo escapamento dos veículos, no entanto, isso não vem acontecendo. 

A não aplicação do Agente Redutor Líquido de Óxido de Nitrogênio Automotivo (Arla) deixa o ar mais poluído e ainda diminui a vida útil do motor.

“Alguns veículos estão com pneus carecas, outros não têm os vidros nas janelas e estão com os bancos rasgados”Depoimento de servidor que pediu para que não fosse identificado

 
Sem proteção e alimentação
Expostos a riscos de cortes por vidros ou outros materiais, intoxicação e vários tipos de acidentes, os garis deveriam usar os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). No entanto, isso não acontece. A máscara, que é de uso obrigatório, não é vista com eles durante o trabalho.

“Temos contato direto com o lixo e substâncias perigosas, mas temos que trabalhar. É isso ou nada”, pontua um gari.
 
VAQUINHA
Os problemas não param por aí. Eles chegam até mesmo em uma questão básica: um café com pão para tomarem antes de irem para a rua.

Eles contam que o intervalo para lanche dos profissionais que saem para trabalhar na rua é de 15 minutos. Mas o correto, de acordo com os servidores, seria tomar o café antes de sair.

Mas, para terem acesso a isso, os garis precisam fazer vaquinha ou contar com a boa vontade de alguns moradores, que dão café a eles quando estão recolhendo o lixo, porque a prefeitura não oferece a alimentação.

“Se não colocamos a mão no bolso, não tem café. Para minimizar a fome, os servidores fazem vaquinha pra comprar o pó de café, açúcar e margarina”, diz outro funcionário.

A reportagem de O NORTE procurou o secretário de Infraestrutura e Serviços Urbanos, Vinícius Versiani, para falar sobre esses problemas apontados pelos servidores. No entanto, não atendeu às ligações.

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