Sem remédios para transtornos mentais

Pacientes reclamam da falta de medicamentos que devem ser distribuídos de forma gratuita

Márcia Vieira
O Norte - Montes Claros
28/01/2020 às 08:45.
Atualizado em 27/10/2021 às 02:26
 (ASSESSORIA DO VEREADOR VALCIR SOARES/DIVULGAÇÃO)

(ASSESSORIA DO VEREADOR VALCIR SOARES/DIVULGAÇÃO)

Cidadãos de Montes Claros que necessitam de medicamentos de uso contínuo têm encontrado dificuldade para receber esses remédios, fornecido de maneira gratuita. Em razão da demora, duas pessoas procuraram o gabinete do vereador Valcir Soares (PTB), pedindo para interceder junto aos órgãos de saúde. 

A dona de casa Ivanete Ferreira da Silva diz que há cerca de quatro meses não consegue retirar na farmácia o medicamento Risperidona, indicado para amenizar transtornos mentais.

“Eles dizem que não tem o remédio, não falam quando vai chegar e eu sofro muito com isso, fico ansiosa e não consigo dormir direito”, conta.

Já a vizinha Maria das Dores faz uso de três tipos de medicamentos e lamenta que eles não estejam mais sendo entregues no posto de saúde do bairro. 

“Antes, eu pegava no PSF do Maracanã. É lá que eles me dão a receita. Trocaram o medicamento porque não estava fazendo efeito e há mais de três meses não consigo pegar. Eu fico com a cabeça ruim. Preciso tomar meus remédios. Procurei o vereador para ver se ele nos ajuda”, disse a dona de casa, que, além do Risperidona, faz uso de Clozapina e Clonazepan.

O vereador diz que há uma preocupação com essa parte da população que sofre de transtornos mentais, porque a maioria não tem situação econômica que permita a aquisição dos medicamentos em farmácias particulares. 

“A maioria ganha um salário mínimo, não tem possibilidade de comprar remédio e nem mesmo pagar um especialista na área. Sem utilizar o medicamento, essas pessoas correm o risco de internação. Esperamos que a situação seja resolvida o mais rápido possível. Vamos encaminhar documento à Secretaria de Saúde para que seja resolvido o mais rápido possível, sem precisar judicializar”, diz o vereador.

A defensora pública Maurina Fonseca Mota alerta que a judicialização não é o primeiro passo, mas, em caso de negativa, a Defensoria Pública Estadual atua para evitar que o cidadão seja penalizado.

“Primeiro, eles devem procurar a farmácia ou a Secretaria de Saúde. Se tiverem seus direitos negados, devem pegar um documento que assinale o motivo da negativa e, então, nos procurar. Atendemos cerca de 50 casos por mês e, destes, temos 80% de sucesso na busca de uma solução”, revela. 

A Secretaria de Estado de Saúde informou que o “medicamento Risperidona encontra-se sem abastecimento, devido a atraso na entrega por parte do fornecedor, que já foi notificado pela SES. Com relação ao item Clozapina, a secretaria informa que foi autorizada a distribuição às regionais de Saúde, para atendimento integral da demanda. O pedido encontra-se em trânsito para a Farmácia Regional de Montes Claros. Já no que se refere ao Clonazepan, o item faz parte do Componente Básico da Assistência Farmacêutica (CBAF). No modelo adotado pelo Estado, a aquisição, dispensação e gestão de estoque dos medicamentos do CBAF são realizadas pelo município”. 

Procurada pela reportagem de O NORTE, a Secretaria Municipal de Saúde não respondeu e a responsável pela pasta, Dulce Pimenta, não foi encontrada para falar sobre o assunto.

Compartilhar
Logotipo O NorteLogotipo O Norte
E-MAIL:jornalismo@onorte.net
ENDEREÇO:Rua Justino CâmaraCentro - Montes Claros - MGCEP: 39400-010
O Norte© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por