Punição para abate clandestino

Ministério Público anuncia mais rigor na fiscalização e que carne irregular será apreendida

Manoel Freitas
O Norte - Montes Claros
08/11/2018 às 07:14.
Atualizado em 28/10/2021 às 01:40
 (MANOEL FREITAS)

(MANOEL FREITAS)

Dos 680 animais abatidos por dia em Montes Claros, apenas 86 são mortos no único frigorífico que opera dentro das normas da vigilância sanitária. Por outro lado, a população consome todos os dias 29 mil quilos só de carne bovina, em grande parte oriunda de abatedouros clandestinos, o que oferece grande risco à saúde, pois podem provocar mais de 150 tipos de zoonoses.

Esses números e a informação do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) de que 80% da carne comprada nos 215 açougues e supermercados do município são clandestinas motivaram a “Operação Carne Segura” e uma audiência pública na Câmara Municipal, ontem, onde o Ministério Público decretou tolerância zero com a venda dos produtos irregulares.

“Quem for pego vendendo em açougues e supermercados carne clandestina vai ter a mercadoria apreendida, será multado e possivelmente levado à Delegacia de Polícia, porque nossa obrigação é garantir a saúde e a segurança do consumidor”, disse o promotor de Justiça Felipe Gustavo Gonçalves Caires, da Curadoria do Consumidor do Ministério Público.

Ele alertou que, de agora em diante, “o Ministério Público/Procon Estadual, em parceria com a Vigilância Sanitária e com o Instituto Mineiro de Agropecuária, vai fazer fiscalizações sem prévio anúncio, para que sejam punidos aqueles que não têm se adequado, colocando em risco a saúde do consumidor”.

A audiência pública foi realizada para se debater soluções e cobrar da administração municipal a implantação de abatedouros móveis, que sigam as normas estabelecidas pela vigilância sanitária.

Proposto pelo vereador Valdecy Contador (PMN), o encontro teve debates acirrados sobre o assunto que há muito gera discussões no município. O prefeito Humberto Souto, no entanto, apesar de ser anunciado, não compareceu.

O representante do Ministério Público revelou ter registros de grandes revendedores de carne que migraram para a clandestinidade com o objetivo de sonegar impostos e que, além da procedência duvidosa, um volume muito grande do que é comercializado resulta do abate incorreto, colocando os animais em sofrimento.

Prefeitura ‘lava as mãos’
O promotor Felipe Caires ressaltou que é responsabilidade do município a criação de formas de regularizar a situação dos pequenos produtores de carne, como a implantação de abatedouros oficiais e a adequada fiscalização.

“Para sanar os problemas, não se deve bater à porta do Ministério Público. Deve-se bater às portas da Prefeitura de Montes Claros e dos gabinetes dos vereadores, porque é daí que tem que sair as soluções políticas para facilitar a regularização dos pequenos produtores de carne”, afirmou.

O secretário municipal de Agricultura, Osmani Barbosa Neto, admitiu que a administração lavou as mãos em relação à fiscalização do abate de boi, ovinos e caprinos, passando a tarefa, através de um termo de cooperação técnica, para o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) “que é muito mais bem aparelhado para proceder a fiscalização e o cumprimento das normas sanitárias”.

Osmani frisou que preferiu intensificar os trabalhos do Serviço de Inspeção Municipal (SIM) de modo a assegurar a fiscalização apenas de aves e de laticínios.

Sobre a única alternativa apontada na audiência pública – criação de um abatedouro móvel para pequenos produtores, com custo estimado em R$ 800 mil –, Osmani Barbosa alegou que “a prefeitura vai ter que buscar verbas através de emendas parlamentares e recursos do Ministério da Agricultura”.

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