Professores assinam acordo para receber antes do Natal

Depois de pressão e invasão do gabinete do prefeito, Souto propõe pagamento

Manoel Freitas
21/12/2018 às 06:47.
Atualizado em 05/09/2021 às 15:41
 (FOTOS MANOEL FREITAS)

(FOTOS MANOEL FREITAS)

Depois de mais um dia de protestos, inclusive com a invasão do gabinete do prefeito, onde os servidores da educação ficaram durante todo o dia, em constante vigília, a categoria conseguiu que Humberto Souto voltasse atrás na postura de não pagar o salário de novembro até receber os repasses do governo do Estado.

No início da noite, o líder do Executivo municipal assumiu o compromisso de quitar, até o Natal, o pagamento do último mês. A proposta feita pelo gestor, e aceita pelos funcionários, é a de que, em contrapartida, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Sistema Público Municipal de Montes Claros (Sind-Educamoc) passe a ser parte de ação da prefeitura contra o Estado para receber a totalidade dos recursos retidos do Fundeb. Não há qualquer referência sobre os pagamentos de dezembro e do 13º salário.

A proposta foi levada pela comissão que participava da reunião aos servidores concentrados na prefeitura. Inicialmente, a oferta de acordo foi rejeitada, pois os professores reivindicavam o pagamento imediato. Mas diante da perspectiva do recesso de Natal e de que adiar uma negociação poderia postergar ainda mais o recebimento dos vencimentos, a categoria decidiu aceitar.

Além disso, os servidores já haviam passado pelo desgaste, em uma primeira reunião com o prefeito, na manhã de ontem, em que ele condicionou o pagamento do salário de novembro à assinatura de um documento no qual a categoria, por meio do sindicato, admitiria que a responsabilidade pelo pagamento do 13º é do governo do Estado, o que deixou os trabalhadores revoltados.

No final da tarde, uma liminar foi expedida determinando o pagamento da categoria em até dez dias. Uma vitória para os educadores, mas o prazo extenso para o cumprimento pesou para a aceitação do acordo com o município.
 
LIMINAR
A decisão foi do juiz de plantão Eliseu Silva Leite Fonseca, atendendo a um pedido do Sindicato dos Servidores Públicos da Administração Direta, Indireta e Poder Legislativo de Montes Claros.

A partir da decisão, o prefeito ou o procurador do município estão intimados a se apresentar pessoalmente e com urgência. Caso o pagamento não seja feito dentro do prazo determinado, o município terá o valor devido imediatamente sequestrado.
 
MANIFESTAÇÕES
A luta dos servidores começou cedo ontem ainda no plenário da Câmara dos Vereadores. Em seguida, venceram a segurança montada pela Guarda Municipal e ocuparam o gabinete do prefeito Humberto Souto. Depois de quase cinco horas de demora, período em que tacharam o chefe do Executivo de “ditador e caloteiro”, conseguiram, por intermediação do secretário de Defesa Social, Anderson de Vasconcelos Chaves, que uma comissão fosse recebida pelo prefeito.

Com a proposta de assinatura do documento, nova reunião foi marcada para as 17h. A proposta do prefeito não foi bem recebida, gerando protestos.

Abalados por tantos dias de mobilização e sem perspectivas, professores choraram. Muitos levaram os filhos para o gabinete do prefeito, alegando que não têm com quem deixar as crianças.

A professora Rosângela Ferreira da Silva, que trabalha em duas escolas, disse que está faltando tudo em casa, inclusive itens de higiene pessoal, bem como acumulando contas.

A mesma situação de dificuldade financeira experimenta a professora Marlene de Fátima. Há sete anos efetiva na Secretaria de Educação, emocionada disse que só não estava passando necessidade com alimentação porque recebe ajuda de familiares.

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