Prefeitura de MOC desativa hospital de campanha; estrutura será desmontada sem ter sido usada

Christine Antonini
O NORTE
29/09/2020 às 02:55.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:39
 (leo queiroz)

(leo queiroz)

Em meio à pandemia do novo coronavírus, a Prefeitura de Montes Claros decidiu fechar o hospital de campanha para tratamento das vítimas da Covid-19. A unidade, que foi instalada na UPA Chiquinho Guimarães, teve apenas a cerimônia de inauguração, há exatos três meses, mas nunca esteve, de fato, à disposição da população. Agora, a prefeitura afirma, sem detalhes, que o hospital será desmontado para dar lugar aos atendimentos da UPA, tão aguardada pelos montes-clarenses.

A decisão de desativar o Hospital de Campanha foi divulgada no Diário Oficial do Município, através do decreto nº 4.105, com a justificativa de que “o perfil epidemiológico da Covid-19 no Município de Montes Claros, que tem apontado incidência decrescente de novos casos e a controlada taxa de ocupação de leitos clínicos hospitalares, indicando a desnecessidade técnica de funcionamento dos 60 leitos clínicos do hospital de campanha”. 

A cidade soma 8.221 casos confirmados de coronavírus e 128 mortes. Contudo, o último boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Saúde de Montes Claros aponta que, em uma semana, foram notificados 860 novos casos – alta de 11,7%. Os óbitos também aumentaram nesse período de 113 para 128 – alta de 13,3%. 

Os leitos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) estão em alerta laranja, com 77% de ocupação. A Secretaria de Estado de Saúde (SES) considera alerta vermelho a ocupação acima dos 78%. Já os leitos pela rede particular estão com ocupação de 33%.

A reportagem de O NORTE procurou a Prefeitura de Montes Claros para falar sobre o assunto, mas, até o fechamento da edição, não houve retorno. 
 
ESPERA
Há muito tempo a população pede a abertura da UPA para desafogar a rede de saúde pública de Montes Claros. O Conselho Municipal de Saúde de Montes Claros (CMS) concorda com a decisão de desativar o hospital de campanha, já que ele não precisou ser utilizado. E ressalta que, no momento, a UPA é mais necessária para a população montes-clarense. 

“Percebemos que o vírus deu uma estabilizada no município e, pelo quadro que a Secretaria de Saúde nos apresentou, ainda não há motivos para alarme, uma vez que existem leitos disponíveis. Outro ponto é que os respiradores continuarão em posse do município, caso seja necessário a utilização, os equipamentos serão montados nos hospitais referência, como Aroldo Tourinho e Mário Ribeiro”, pontua o presidente do CMS, Aparício Fernandes de Oliveira.

VERBA
A demora na abertura da UPA já foi, inclusive, tema de debate na Câmara de Vereadores, que aprovou a liberação de cerca de R$ 80 milhões para o enfrentamento à Covid-19 na cidade. Os recursos deveriam ser utilizados para estruturar a UPA, para que a unidade entrasse na luta contra o vírus. No entanto, o que se vê são leitos, respiradores e todo material adquirido sendo consumidos pela poeira.

Em 24 de julho, o presidente da Comissão de Saúde da Câmara de Montes Claros, vereador Marlon Xavier, fez uma vistoria no local. O parlamentar só conseguiu entrar na unidade após acionar a Polícia Militar. 

“O local deveria estar funcionando como hospital de campanha no enfrentamento do coronavírus, com funcionamento ininterrupto 24 horas, em todos os dias da semana, incluindo feriados e pontos facultativos”, disse, à época, o vereador.


 

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