Preço de remédios aumenta até 340% em 10 anos: presidente do Sindicato dos farmacêuticos profere palestras e analisa mercado de medicamentos

Jornal O Norte
29/04/2006 às 10:23.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:34

Núbia Primo


Repórter


onorte@onorte.net

Para debater as dificuldades da população no acesso a medicamentos, no dia 26 deste mês esteve na cidade o presidente do Sinfarmig - Sindicato dos farmacêuticos de Minas Gerais, Rilke Novato, se reuniu com profissionais da área e também representantes da vigilância sanitária e dos hospitais de Moc.

O diretor da Funorte Ruy Muniz, Rilke Novato e a coordenadora Cléia Prado


(fotos: Núbia Primo)

O evento aconteceu na Faculdade Ibituruna e contou com a presença, também, dos estudantes, professores e coordenadores dos cursos de farmácia na cidade. Segundo Rilke, um estudo realizado pelo sindicato e do Conselho regional de farmácia, nos últimos 10 anos os reajustes ultrapassaram a marca de 340%.

- O acesso aos medicamentos está cada vez mais difícil, sendo que o aumento dos preços é o principal fator. Não há justificativa para esses aumentos, considerando que uma das principais causas do reajuste é o custo de matérias primas importadas, mas, com a baixa do dólar, seria o momento para retração, e não aumento de preços.

O paracetanol é o medicamento campeão de reajuste no mercado, embora os produtos mais lucrativos estejam entre os estimulantes sexuais.

Na oportunidade foi apresentada a nova chapa da diretoria da Associação dos farmacêuticos de Montes Claros, que está sendo reativada com a união de esforços do sindicato estadual, do conselho regional, das faculdades inseridas na cidade, da prefeitura e demais áreas ligadas à farmácia.

PALESTRA NA FUNORTE

No dia 27 de abril, Rilke Novato proferiu palestra para os acadêmicos da Funorte, sob o tema A história da farmácia no Brasil. Rilke explica desde a criação da primeira escola de farmácia da América Latina, em 1839, na cidade mineira de Ouro Preto, passando pela época áurea da profissão, onde o profissional era um prestador de serviços que participava de todas as etapas, desde a manipulação da receita e instruções de uso. Em 1969, a decadência da profissão, mediante a importação de medicamentos industrializados. E, por fim, em 2002, com a reforma do currículo, retomando o farmacêutico a atenção humanística da época áurea da profissão e com novos conhecimentos que deverão ser incorporados à grade curricular.

Após a palestra, Rilke Novato concedeu a seguinte entrevista a O Norte:

- Como o senhor analisa o currículo generalista como proposta de formação dos farmacêuticos?

- A proposta da resolução de número 02 do Conselho de saúde prevê que farmacêutico tenha uma formação na área de alimentos, análises clínicas e toxicológicas. E o eixo central da formação generalista é “atenção farmacêutica”, que é uma atenção especializada e individualizada ao usuário do medicamento.

- Como o senhor vê a atenção farmacêutica dentro da política se saúde do país?

- Extremamente necessária um dos grandes problemas não só sob a ótica do abastecimento e desabastecimento, mas principalmente com relação ao uso racional. Em todo o mundo, a forma mais utilizada para tratamento de doenças é a ação medicamentosa, então, se não avançarmos nesse sentido, não teremos melhorias nas políticas de saúde.

- Quais as possibilidades de inclusão do profissional farmacêutico nas equipes do PSF - Programa saúde da família?

- Essa possibilidade está próxima de se tornar realidade. A recente portaria do ministério da Saúde, de nº 689, publicada em 04 de abril de 2006, prevê o repasse de recursos financeiros para os municípios que investirem na inserção do profissional farmacêutico, na atenção primária, incorporando-o às equipes do PSF.

- Após a graduação, optando-se pela especialização, qual a demanda do mercado atual?

- Acredito que o mercado está com grande perspectiva na área da indústria farmacêutica, Montes Claros, por exemplo, está se tornando um pólo da indústria farmacêutica, já possui duas grandes indústrias nessa área - a Novo Nordisk, que produz insulina, e a Vallè Nordeste, que fabrica medicamentos veterinários. No campo da atenção farmacêutica, o mercado demanda profissionais para atuar no serviço público, nas equipes do PSF. Acredito também que outro potencial empregador será a indústria alimentícia.

- Em entrevista concedida à Farmácia Revista (Publicação oficial do Conselho regional de farmácia), o senhor fala sobre os riscos de intoxicação medicamentosa. Qual a realidade desse problema no Brasil?




Rilke Novato culpa meios de comunicação pela automedicação

- O Brasil, há dez anos, é campeão mundial em intoxicação humana e a principal causa é a automedicação. E um dos principais fatores que induzem à automedicação é veiculação excessiva de propaganda nos meios de comunicação. Outro fator que induz é a não obediência por parte das farmácias e drogarias, que comercializam medicamentos sem os critérios necessários, prevalecendo o interesse econômico sobre o interesse publico.

- Deixe uma mensagem aos futuros farmacêuticos?

- Estamos vivendo um momento ímpar de investimentos na indústria nacional e na incorporação do profissional nos serviços públicos de saúde. Ao mesmo tempo, os avanços na comercialização de remédios fototerápicos nos possibilitam explorar nossa rica flora medicinal. Em resumo, o momento é propício para a retomada do farmacêutico como profissional fundamental no processo de saúde coletiva.

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