Preços nas alturas deixam ceia de Natal mais salgada

Comerciantes relatam altas de até 70% e acreditam em mais aumentos

Larissa Durães
O NORTE
26/11/2021 às 00:20.
Atualizado em 05/12/2021 às 06:20
 (FOTOS LARISSA DURÃES)

(FOTOS LARISSA DURÃES)

A mesa farta na ceia de Natal deve sofrer um baque neste ano. Se em 2020 muita gente abriu mão da reunião festiva, recheada de comes e bebes, por causa dos altos números da pandemia, neste ano o freio será o preço dos produtos típicos.

A inflação e a alta do dólar estão salgando o cardápio natalino – desde frutas e legumes a sementes, como nozes e castanhas, e carnes. Um passeio pelo Mercado Central de Montes Claros, onde vários desses produtos são encontrados, mostra o peso que a festa para receber o “Bom Velhinho” terá no bolso das famílias.

Com aumentos médios de 50% nos valores dos produtos, e com perspectiva de novos reajustes, o verdureiro Edmilson Gomes, que tem uma banca de frutas e verduras no Mercado, não alimenta nenhum entusiasmo para esse final de ano.

“As coisas encareceram muito e o dinheiro ficou curto. Vai ser pior que o ano passado, porque antes tinha o auxílio, e as coisas que chegam agora estão bem mais caras”, lamenta.

O cenário também não é animador na avaliação da peixeira Solene Gomes. Ela conta que o aumento no preço do produto foi considerável, o que deve tirá-lo do cardápio de muitas famílias.

“Teve peixe que aumentou 40%”, diz ela, que espera faturar 10% a mais que em 2020, percentual considerado modesto, pois já viveu tempos melhores, com faturamento crescendo entre 30% e 40% no fim de ano.

Os aumentos constantes nos preços dos alimentos, dos combustíveis, energia elétrica e vários outros insumos impactam diretamente no custo de vida do cidadão. E toda essa cadeia é entrelaçada, com os custos de um setor impactando nos demais.
 
SAÍDA
Para o economista e professor da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) Marcos Fábio Martins de Oliveira, o momento é de refletir sobre a necessidade de se aumentar os gastos e procurar sempre pelo produto que pode oferecer melhor condição de compra.

“A inflação só se realiza se você comprar. Portanto, compre produtos nacionais ou locais/regionais, que não sofreram tanto com esses aumentos”, aconselha.

“Nos produtos internacionais, há dois problemas: o aumento do dólar e a desvalorização do real e os preços altos no mercado internacional. Sobre os nacionais, ligados ao mercado internacional, exportamos a matéria prima para ‘fazer’ o produto. Com a alta dos commodities, o produto final encarece”, explica.

A comerciante Kátia Raniele quer se manter otimista para este Natal, mas confessa que a situação é preocupante e há muita incerteza no mercado.

Na banca de Kátia no Mercado Central, as sementes e frutas cristalizadas, tão tradicionais nas ceias de Natal e Ano Novo, já estão 40% mais caras. E ela avisa: vão aumentar mais até as datas festivas.

“O ano passado não teve Natal. Dizem que esse ano vai ser bom. Eu até acredito. Porém, a realidade é que os preços das mercadorias já aumentaram e até o Natal vão estar ainda mais caras. Mas tenho que ter pensamento positivo”, afirma. 
 
SEM OTIMISMO
Quem não consegue ser positivo é o açougueiro Paulo Lopes. Experiente, com vários anos atuando no Mercado Central de Montes Claros, ele acredita que o fim de ano não será nada bom.

“Desde 2019 os produtos vêm aumentando. Já estamos na faixa de 70% mais caros”, alerta.

Uma consumidora insatisfeita com a situação atual é a aposentada Rosa Terezinha. “As coisas subiram demais, os preços estão muito altos. Não vou comprar frutas secas nem doces cristalizados. Estas coisas mais caras temos que esquecer e fazer uma ceia mais simples”, diz, contrariada.


 

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