(MANOEL FREITAS)
Na esquina das ruas Palmares e 13, no bairro Esplanada, a poucos metros da Secretaria Municipal de Saúde, lixo e entulho tomam conta da paisagem de um terreno onde a prefeitura prometeu criar uma área de lazer para as famílias da região que engloba ainda os bairros Pampulha, Monte Carmelo e Santa Laura.
Montes de imundície que favorecem a proliferação de insetos e animais peçonhentos que invadem as casas vizinhas ao lixão, oferecendo risco também para centenas de alunos da Escola Municipal Professora Simone Soares, que fica na rua Espírito Santo, bem no fundo da área com sujeira.
Cansadas de esperar por respostas da Secretaria de Serviços Urbanos, lideranças comunitárias fizeram um protesto na Câmara de Vereadores nesta semana. O movimento é liderado pelo fisioterapeuta Ronaldo Ruas, presidente da Associação Comunitária do Bairro Esplanada.
“É preocupante, um problema grave, porque o lixão está próximo a uma escola, onde deveria ser área verde para beneficiar quatro bairros”, lamenta o líder comunitário. Ele acrescenta que a situação favorece ainda a criminalidade e que o local se tornou um ponto de venda e uso de drogas.
PEÇONHENTOS
Eva Aparecida Mendes, de 58 anos, conta que restaurantes jogam restos de comida no local e moradores dos arredores descartam animais mortos, causando muito mau cheiro. No dia anterior à visita da reportagem, Eva tinha matado “aranhas enormes” em casa e que já encontrou escorpião e cobra. “Isso me deixa apavorada, porque tenho três filhos”.
O local que era para ser uma área de lazer e convivência para a comunidade, tem sido motivo apenas de dor de cabeça. Maria Cecília, de 42 anos, que mora no bairro com os seis filhos, diz que não tem mais esperanças de que a situação seja resolvida.
Segundo ela, o volume de lixo e entulho depositado só aumenta. “Eles (prefeitura) falaram que iam limpar tudo e fazer uma praça, e até hoje nada”. Maria Cecília conta que o município “tem que limpar urgentemente o local, porque ratos vão para as nossas casas, e olha que foi o prefeito que garantiu que isso aí seria uma praça”.
O secretário Municipal de Serviços Urbanos, Vinícius Versiani, disse, em áudio enviado à repostagem, que “entulho não tem vida própria, ele chega aí com a ação de alguém e esse lugar mesmo é de reincidência, já limpamos, mas enquanto não houver conscientização (da população) não será resolvido”.
PUNIÇÕES
Ele lembra que uma nova lei municipal de destinação de resíduos sólidos foi aprovada e que, a partir de janeiro de 2019, os responsáveis sofrerão as sanções. “Terão multas de acordo com os danos ambientais que essas pessoas causarem, como carroceiros, empresas”.
Segundo o secretário, “é um trabalho contínuo da prefeitura, mas estamos naquele ciclo, enxugando o gelo: limpa, suja, limpa, suja, ou seja, infelizmente, isso é causado pelos próprios moradores, que acabam por sofrer as consequências”.
Versiani garantiu que “quando puder, a gente vai limpar dentro do cronograma da secretaria, porque não temos priorizado esses locais de reincidência”.
Segundo o secretário, as providências serão tomadas, “mas a principal providência é o não descarte”. “Lá não é local disso e não é o município o causador”.