(Fabio Marcal/Divulgação)
Pais de alunos da rede municipal de ensino de Montes Claros receberam via e-mail uma “convocação urgente” para comparecer às escolas até esta terça-feira, a fim de assinarem um termo de compromisso autorizando ou não o retorno presencial dos filhos às aulas a partir do dia 24. O texto diz que é imprescindível que os pais assinem o documento.
E. P., mãe de aluna da Escola Egídio Cordeiro, revela o dilema para decidir se manda a filha à escola ou continuar se desdobrando para auxiliá-la nos estudos, mantendo o isolamento social. Aos seis meses de gestação, ela teme que a filha se contamine na escola.
“Estou em uma gravidez de risco, temo por essa nova vida que vai chegar e pelos meus outros filhos, de 12 e 10 anos. Eles estão matriculados pelo Estado e continuam com as aulas on-line, mas sobre a minha filha de 6 anos, recebi a convocação e tenho que decidir. Ano passado foi mais tranquilo, ela conseguiu se desenvolver, aprendeu a ler, mas neste ano eles mandaram muito material e acho que tem um excesso de atividades para a idade dela. Acho que não vou mandar. Se ela se contaminar, pode trazer para os irmãos. Tenho medo. Esse não é o momento ainda”, diz a mãe.
A retomada das aulas acontece sem que a vacinação tenha chegado aos profissionais de ensino. Embora tenha anunciado que colocou a categoria como prioridade na fila da imunização, o município ainda não sinalizou quando fará a vacinação. O Sind-Educamoc se posiciona contrário à retomada e afirmou que irá se reunir para definir as ações.
Para a vereadora Iara Pimentel (PT), “do ponto de vista jurídico, não há ilegalidade, mas é imoral (o retorno), porque, muitas vezes, pais que vão autorizar o retorno dos filhos à escola não dimensionam o risco da situação. Estão transferindo a responsabilidade aos pais e se eximindo do seu papel”. A parlamentar reforça a necessidade de imunização dos profissionais antes do retorno.
A secretária de Educação, Rejane Veloso, não respondeu ao nosso contato, até o fechamento desta edição.
No âmbito estadual, os professores da rede pública também rejeitam o retorno e promovem campanha com mobilização nas redes sociais e veículos de som que alertam os pais sobre o risco.