Pacientes desistem de esperar e pagam por atendimento em MOC

Essa tem sido a saída de muitos montes-clarenses que não conseguem atenção na rede pública: nem todos têm condições de arcar com o custo

Larissa Durães
O NORTE
14/01/2022 às 00:45.
Atualizado em 18/01/2022 às 00:53
 (Ascom HUCF/divulgação)

(Ascom HUCF/divulgação)

A demora para conseguir atendimento na rede pública de saúde em Montes Claros é tão grande que tem gente optando por apertar o orçamento familiar e pagar por uma consulta particular.

Essa foi a saída para uma moradora, grávida, que pediu para que não fosse identificada. Após enfrentar uma saga em busca de atendimento nas unidades públicas, acabou pagando por uma consulta.

Grávida de seis meses, ela conta que apresentava sintomas da Covid e procurou atendimento na maternidade do Hospital Universitário Clemente de Faria (HUCF). No entanto, a unidade informou que lá tinha casos de Covid e que, por precaução, era melhor que ela não fosse atendida lá, sob o risco de contrair a doença, caso não estivesse contaminada.

“Fui pra casa, mas os sintomas foram só piorando. Procurei o meu PSF, no bairro Santo Antônio. Chegando lá, não tinha médico – o mesmo estava de férias. Fui então à UPA Chiquinho Guimarães. Lá estava muito cheio, preferi voltar para casa”, conta.

Na madrugada de terça-feira, os sintomas se agravaram: ela não sentia mais cheiro, gosto e a congestão nasal dificultava, e muito, a respiração. “Estava agravando muito e eu fiquei muito preocupada com o meu bebê. Voltei à UPA, por volta de 9h30”, lembra a mulher.

Após duas horas de espera, ela não havia sequer sido chamada para a triagem. “Me chamaram ao meio-dia e a atendente explicou que é atendido com prioridade quem está grave. Como se eu não estivesse”. Após a triagem, foram mais três horas de espera, sem nenhum sinal de que seria atendida. “Desisti de ser atendida depois de seis horas de espera”, lamenta. 

E a saga continuou quando decidiu procurar a Santa Casa. “Cheguei lá, a porta estava fechada”, disse indignada. “Não estão atendendo mais sintomas gripais, nem mesmo gestantes”.

A saída encontrada por ela foi buscar uma consulta particular. “Liguei para especialistas – obstetra ou ginecologista –, mas o valor da consulta era R$ 400. Fui em um clínico, pagando R$ 150”. Ela foi medicada, mas não fez o teste da Covid. “O último dia para eu fazer o exame foi quando estava no oitavo dia de sintoma. O médico disse que, se fizesse agora, poderia dar um falso negativo”.

Ela conta que encontrou no médico particular algumas pessoas que estavam com ela na UPA. “Mais gente desistiu de esperar e precisou procurar atendimento particular. E quem não tem condições?”, diz indignada.
 
SEM VAGAS
Em nota, a Santa Casa informou que o atendimento de síndromes gripais e/ou casos suspeitos ou confirmados de Covid-19 está temporariamente suspenso no pronto-socorro SUS e no pronto-atendimento (convênio e particular). A instituição esclarece que tal medida foi adotada porque a capacidade instalada está esgotada nesse momento.

Em entrevista a um canal de TV local, o presidente do Conselho Municipal de Saúde, Aparício Fernandes, disse que procurou o município para abordar a situação da saúde em Montes Claros e que recebeu da secretária Municipal de Saúde, Dulce Pimenta, o comprometimento para implementar todos os esforços para resolver a situação.

Aparício afirmou que o conselho vai continuar acompanhado o quadro, e que se as providências não forem tomadas, será necessário a convocação de uma reunião extraordinária para tratar exclusivamente desse assunto.

A assessoria de comunicação da Prefeitura de Montes Claros foi procurada para falar sobre o assunto por dois dias seguidos. Três assessores diferentes foram acionados, mas não houve resposta até o fechamento desta edição.

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