O trajeto da decepção

Região do Mercado Municipal clama por socorro e reflete abandono que a prefeitura impõe a toda a cidade

Márcia Vieira
O Norte - Montes Claros
17/11/2018 às 06:33.
Atualizado em 28/10/2021 às 01:52
 (LEO QUEIROZ)

(LEO QUEIROZ)

O italiano Francisco Ricci veio passar uma temporada em Montes Claros e decidiu ir até o Mercado Municipal, que lhe disseram ser local de visitação obrigatória, um retrato da cultura e gastronomia local. Mas o que encontrou no amplo galpão ficou muito aquém do que esperava.

Saindo dali, teve que atravessar uma ponte cheia de remendos, com gradis amarrados por arames. “Está difícil passar por aqui. Não está uma cidade bonita”, lamentou.

Logo à frente, o visitante se depara com um ponto de ônibus caindo aos pedaços, sem qualquer conforto para os passageiros e ainda oferecendo risco de desabamento da cobertura.

Esse curto passeio, de apenas alguns metros, revela o desleixo com o qual a cidade vem sendo tratada pelo poder público. Situação que é encontrada em vários pontos da cidade e causa má impressão em turistas e obriga moradores a conviverem diariamente com um ambiente feio, sujo e que não promove o bem-estar coletivo ou individual.

Muitos chegam a se conformar com o quadro e dizem que o prefeito se esqueceu, por exemplo, de que a avenida João XXIII, uma das mais movimentadas da região central, faz parte da cidade.

O NORTE vem mostrando, há um ano, a situação precária da passarela em um dos lados da ponte da avenida. Além de o problema não ter sido resolvido, o risco aumentou com a deterioração da passarela no lado oposto.

O aposentado José Gabriel, que faz o trajeto quase que diariamente pela avenida, diz que se arrisca porque não tem alternativa.

“No meio do asfalto não dá pra passar, porque tem muito carro o tempo inteiro. Essa ponte está caindo. Do outro lado, eles interditaram com faixas, mas já foram arrancadas e eles não consertam. Então mudei para esse lado, mas aqui parece estar mais perigoso. Tenho medo de cair, mas não tem jeito. Deus olha a gente. Acho que o prefeito esqueceu e deixou para trás isso aqui”, lamenta.
 
RISCO
Quem consegue vencer os obstáculos e chegar até o Mercado se depara com outro problema. Este foi o caso de Maria Lopes Cordeiro que mora em São Paulo e, quando chega a Montes Claros para visitar a família, faz do Mercado o seu ponto de compras.

“Está bem derrubada a cidade. Nem o Restaurante Popular funciona mais. Não tem banco pra sentar enquanto a gente espera pelo ônibus. Abri uma caixa de sapato e coloquei no chão pra sentar em cima. Está tudo feio e sujo. Essa cobertura pode cair a qualquer momento em cima da nossa cabeça”, reclama a dona de casa, se referindo à cobertura do ponto de ônibus que está quebrada e com risco de desabamento.

“Esse prefeito precisa cuidar da cidade. Precisa limpar isso aqui e dar um pouco mais de conforto para nós. Temos a nossa casinha aqui e queremos voltar, mas a cidade está muito maltratada”, diz Agdo Rodrigues, marido de Maria.

Moradora da zona rural, Josiele de Jesus precisou fazer compras no Mercado e revelou sua decepção ao ter que ficar em pé, esperando pelo ônibus, que só chegaria cerca de três horas depois.

Questionada sobre o que diria ao prefeito se tivesse a oportunidade de encontrá-lo, Josiele mandou seu recado: “Tem que dar um jeito nisso aqui, melhorar a qualidade de vida das pessoas”.

A prefeitura estendeu o feriado e ficou fechada nesta sexta-feira. O secretário responsável pelo setor de infraestrutura não foi encontrado pelo celular para falar sobre o assunto.

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