O mundo maravilhoso do circo

Jornal O Norte
11/08/2005 às 19:51.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:49

Railda Botelho


Repórter


railda@onorte.net



Pipoca, algodão doce, cachorro quente, chiclete, bala, pirulito, tudo isso misturado à alegria, ao riso e à magia do circo, que segue espalhando por onde passa um mundo encantado de alegria e de atrações que encantam as crianças e enternecem os adultos. O Transcontinental Circu’s, dos irmãos Portugal, encontra-se em Montes Claros desde a semana passada, e está armado no Bairro Dr. Antônio Pimenta, próximo ao cemitério do Bom Fim.

De acordo com Hemerson Portugal, a escolha de montar o seu circo nos bairros das cidades partiu da situação financeira difícil pela qual passa o país, sendo que, dessa forma, as pessoas carentes que vivem nas áreas mais pobres passam a ter a mesma oportunidade de se divertirem, como quaisquer outras, principalmente as crianças, que quase sempre ficam apenas olhando do lado de fora a diversão que acontece do lado de dentro dos circos luxuosos e de ingressos muito caros.

PALHAÇO JACU

Hemerson informa que o circo chegou ao Brasil pelas mãos de seu bisavô, Sebastião Aranha, que foi, durante muito tempo, o famoso palhaço Jacu, conhecido mundialmente, enquanto se manteve no ofício do riso. Isto por volta de 1878, sendo que toda a sua família seguiu os passos de Sebastião, que foi quem também compôs quase todas as letras e melodias ainda hoje tocadas antes do início de cada espetáculo.

Conforme os irmãos Portugal, tudo teve início quando o seu tataravô recebeu das mãos de Dom Pedro I uma espécie de fitão, e também um avental com o brasão da maçonaria, que outorgava direitos à iniciação à arte circense. Para Cleuber Portugal, o circo é hoje uma das formas mais puras de distribuir diversão, pois raramente se vê falar em atos de violência no interior ou mesmo nos arredores de um circo, já que a intenção dos artistas, que fazem parte de uma família, é transmitir alegria e, principalmente, momentos de paz às outras famílias, que ainda prestigiam o trabalho sério de um artista circense.

Cleuber diz que lamenta apenas o fato de o poder público não investir totalmente nas diversas formas de arte, que são responsáveis em levar alegria e também toda uma herança artística e cultural direcionada principalmente a um público ainda considerado carente, social e economicamente.

O Transcontinental Circu’s já percorreu quase todo o mundo, no exercício mágico de levar o encantamento e a arte a todos os povos e nações, trabalhando com cerca de 50 pessoas, todos membros da família, e cada qual com uma função.

CIRCO VOLANTE

Hemerson diz que a tradição dos números artísticos com animais originou-se na Europa, em 1850, com o saudoso circo volante, sendo que o primeiro animal a fazer parte do espetáculo tratou-se de um elefante, considerado o maior da época.

Para ele, o Transcontinental trabalha atualmente com poucos animais, devido às dificuldades encontradas para mantê-los devidamente bem tratados, e também amestrados.

São cinco leões, três cães e dois tigres, que se misturam aos artistas para a realização dos espetáculos a cada dia.

As atrações são divididas em vários números artísticos e têm participações especiais, como do homem aranha, que salta de um trapézio ao outro sem a necessidade de rede, dança country, contorcionistas, malabaristas, trapezistas voadores, além da especialidade da casa, e o mais esperado pelo público infantil, que é a alegria contagiante dos palhaços.

Hermerson fala das dificuldades que são o fato de conseguir manter um circo funcionando, devido às muitas despesas mas, para ele e os irmãos, que praticamente nasceram  no interior do circo e trazem  toda uma herança cultural, é preciso continuar o espetáculo, que jamais pode morrer, principalmente enquanto existir uma criança e o seu riso inocente e verdadeiro.

ARTE SADIA

A família de Hemerson vive em trailleres modestos e todos os filhos estudam durante a permanência nas cidades por onde passam e, conforme informa Ivan Portugal, que é também um dos palhaços, mesmo existindo ainda algum tipo de preconceito pela família circense, há aqueles que seguem apoiando e apostando nesse tipo de arte sadia e livre de qualquer forma de violência.

De acordo com a família Portugal, não existe um tempo previsto para a permanência na cidade, sendo que vão ficando enquanto existir público e a aceitação dos moradores do bairro, que já manifestaram o desejo de que permaneçam por mais tempo.

Os espetáculos são realizados durante toda a semana, sendo que de segunda a sexta feira acontecem sempre às 20 horas, e aos sábados e domingos se dividem em duas partes, às 16 e 20,30 horas.

O preço dos ingressos é: inteira R$ 4, e meia R$ 2, sendo que, de acordo com Hemerson, são  considerados simbólicos e é  uma forma democrática de fornecer diversão barata a todas as classes.

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