O adeus a Artur Leite

Amigos se despedem do radialista, jornalista, psicólogo e professor que deixa um legado na comunicação

Márcia Vieira
30/11/2018 às 06:22.
Atualizado em 05/09/2021 às 15:19

Uma cidade em luto. Este é o retrato de Montes Claros nesta quinta-feira, 29. Perdemos nós. Ganhou o céu com a chegada de Artur Luiz Ferreira Leite, o Artur Leite de todas as manhãs, tarde e noites de Montes Claros. Ele entrava na minha, na sua, na nossa casa ou no trabalho, pelo rádio, pela TV, pelo jornal impresso que chegava logo cedo. Nunca sorrateiramente. Era dado a encher o ambiente, qualquer ambiente, com seu sorriso largo, seu humor e voz inconfundíveis e sua escrita peculiar. “Uma coisa!”

Artur marcou a sua passagem e deixou ricas lembranças. Não há em Montes Claros uma única pessoa que não tenha escutado o seu nome. De norte a sul da cidade e adjacências, ele é o cara que trouxe as notícias para perto do ouvinte/telespectador/leitor.

Antigos e jovens jornalistas se espelhavam no seu jeito habilidoso de tratar os fatos e circunstâncias. Deixou uma legião de amigos e um legado à imprensa, à política, à educação. Conseguiu transitar em todos os meios.

Se teve desafetos, não se sabe. Mas se eles existiram, o (des) não partiu dele, porque em sua breve passagem pela terra ele foi só afeto e generosidade.

Artur morreu no início da noite de quarta-feira, vítima de leishmaniose visceral. O corpo do jornalista foi velado ontem na Câmara Municipal de Montes Claros, na Vila Guilhermina.

A celebração religiosa aconteceu às 16h, com o cortejo fúnebre saindo da sede do Legislativo às 16h30 até o Cemitério Senhor do Bonfim, onde foi enterrado no jazigo da família, que há seis meses foi marcado por muita emoção durante sepultamento do pai de Artur, Clóvis Leite, que acabara de completar 100 anos.

Amigos e colegas falam sobre o jornalista, professor, político e amigo e prestam aqui homenagens ao profissional e homem que fez história em Montes Claros.

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Profissional múltiplo e dedicado
Manoel Freitas
Repórter
 
Nascido em 27 de março de 1953 em São João da Ponte, Norte de Minas, Artur Luiz Ferreira Leite veio ainda criança para Montes Claros, onde cresceu no centro histórico da cidade e se estabeleceu pessoal e profissionalmente. Sexto dos sete filhos de Clóvis Leite (Zizi) e Amazilis (Dona Moça), ambos falecidos, o jornalista teve três filhos com a primeira esposa Sônia Selma Silva, Rodrigo (in-memorian), Rafael e Roberta.

Articulista político com coluna diária no jornal O NORTE, nos últimos dias Artur Leite licenciou-se de suas atividades profissionais, apresentando quadro grave de infecção, período em que foi acompanhado diuturnamente pela segunda esposa, a servidora pública Jaqueline Bastos Leite.

Na última quarta-feira, depois de muitos exames, a família recebeu do Hospital Aroldo Tourinho o diagnóstico de leishmaniose visceral, causa de sua morte no início da noite.

Também professor e psicólogo, o ex-presidente da Apae deixa um legado de mais de 40 anos de atuação na imprensa de Montes Claros e região. Em sua extensa carreira profissional, passou pela TV Montes Claros (hoje Inter TV), TV Geraes, Rádio Sociedade e Rádio Itatiaia, sendo que, na atualidade, mantinha programas diários na Rádio Terra AM e 104,9 FM.

Na imprensa escrita, iniciou sua trajetória no extinto O Jornal de Montes Claros. Na sequência, assinou artigos e coluna política no Jornal de Notícias, Diário de Montes Claros, Gazeta Norte Mineira e Jornal do Norte.

Em O NORTE, além da coluna política, durante muitos anos Artur Leite exerceu as funções de editorialista, abordando temas de relevância, como saúde, educação e segurança pública.

De 1989 a 1992, Artur Leite exerceu mandado de vereador em Montes Claros, eleito vice-presidente da mesa diretora, licenciando-se na sequência para exercer as funções de secretário de Governo do então prefeito Mário Ribeiro da Silveira. Como articulador político e mestre de cerimônia, prestou assessoria de imprensa a diversas prefeituras da região.

Como professor, atuou durante mais de duas décadas na Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), que registrou em comunicado oficial pesar pelo seu falecimento.

“Neste momento de profunda dor, a Reitoria e toda a comunidade acadêmica manifestam os sentimentos pela inestimável perda e se solidarizam com a família enlutada”, assinou o reitor, professor João dos Reis Canela.

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Carta de despedida
Prezado Amigo Artur Leite,

Você foi embora muito de repente, teríamos muito mais coisas para fazermos juntos.

Todos sentiremos sua falta. Você foi um bom companheiro e amigo.

Contribuiu com o desenvolvimento de nossa Montes Claros, ajudou a marcar bem a nossa história, narrando com precisão os acontecimentos, como excelente jornalista. Assessorando os líderes políticos a tomarem suas decisões, foi sábio e dedicado. Ensinando aos seus alunos os caminhos da vida, foi mestre e iluminou muita gente. Como filho dedicado a Dona Moça e ao Seu Zizi, você foi esplêndido. Era impressionante ver seu amor e dedicação a eles. Como pai, esposo, irmão, cunhado, você também foi dez. Quero dizer a você Artur, muito obrigado por tudo! Vá em paz, na certeza que desempenhou de forma notável seu papel aqui na terra. Quero falar para toda Montes Claros que perdemos um grande homem, um cidadão exemplar. Dizer, em especial para Jaqueline e Roberta: segura na mão de Deus e confia. Vamos ter Fé e Confiança no Amor de Deus!

Abraços
Ruy e Raquel Muniz

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“Todos nós aprendemos um pouco com ele. Era muito generoso. Sempre gentil e atendendo a todos com um sorriso. Só lembranças boas. Isso é o que vai ficar.”
Cid Durães, Radialista

“A imprensa norte-mineira teve uma baixa gigantesca. Além de ser carismático, alegre e sempre com um sorriso no rosto, era um profissional completo. Ele me ensinou a ser um homem melhor, um pai de família melhor, um profissional melhor, nestes cinco anos que convivemos no programa. Estava aguardando a volta dele depois da bateria de exames. Hoje, fazer o programa sozinho teve um gosto amargo.”
Du Novaes, jornalista/ radialista

“Artur e eu fomos colegas de escola na adolescência. Eu queria ir para os EUA fazer um curso de inglês, mas não tinha condições. Ele me ajudou a arrecadar dinheiro. Este fato foi marcante na minha vida. Voltamos a nos encontrar mais tarde, na universidade, onde viramos professores. E nos encontramos também na política. Sempre respeitando e convivendo bem com as possíveis divergências. Ele foi presidente do diretório dos estudantes secundaristas e creio que foi ali que começou a sua militância”
Mariléia de Souza - Professora universitária, ex-secretária de Educação

“A partida do Artur foi algo inesperado. A ficha não caiu. Estamos chateados, doloridos, porque o Artur vai fazer muita falta. Foram várias redações. Eu o vi pela última vez no velório do Georgino Junior e ele falou que estaria sentado na primeira fila. A geração está se extinguindo. Temos perdido muitos militantes da imprensa e da cultura, de uma maneira que chega a ser boba, como foi essa partida do Artur. Só
deixou bons exemplos”
Eduardo Brasil - Jornalista e ator

“Quem não ouviu Artur Leite em Montes Claros? Nos meus primeiros anos de imprensa esportiva ele era meu grande incentivador. Literalmente ele parava o jogo. Fazia uma promoção com os torcedores no campo e as pessoas tinham que chutar a bola, bater pênalti e outras coisas. Foi ideia dele e, mais tarde, uma marca de cerveja comprou a ideia e levou para os campos do interior. Ele tinha uma grande capacidade de improvisar”
Christiano Jilvan - Jornalista esportivo

“Artur foi um professor. Eu trabalhava como editor num jornal impresso e ele chegou para ser chefe de redação e somar. Todo mundo ficava encantado com a perspicácia dele e o jogo de cintura para lidar com as dificuldades humanas. Era um pai para todos. Tinha prazer em ensinar. Era um cara aberto, de coração grandioso e muitas vezes tirava do bolso até para nos alimentar na redação. Só tenho a agradecer”
Wesley Gonçalves - Jornalista

“Artur era pessoa querida e amiga. Se eu penso na imagem dele, só vem alegria. Ele estava sempre rindo, fazendo gozações simpáticas. É assim que eu vou me lembrar dele. Tenho certeza que todos que conviveram com ele sabem da pessoa especial que ele era. Onde estiver, estará gerando energia e luminosidade”
Paulo Ribeiro - Secretário Municipal de Meio Ambiente

“A partida de Artur foi assustadora. Perdemos um grande amigo. Montes Claros vai ficar sentindo essa falta durante muito tempo. Era um bom jornalista, um bom escritor, um político diferente. Pra mim, ele era tudo”
Said Schiller Campos - Presidente do Automóvel Clube

“Tive a felicidade de ter na minha vida uma pessoa como Artur, que foi um grande amigo e um grande companheiro. Ele ajudou Montes Claros nos campos da imprensa, político e cultural”
Guilherme Dias Ramos - Ex-vereador

“Fomos vizinhos por mais de 50 anos. Crescemos juntos e permanecemos com uma amizade que hoje pouco se vê. A família dele é como a minha família. Ele venceu na vida com muita batalha. Alegria, positividade e alto astral, é como me lembro dele”
Coriolando (Cori) Ribeiro

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