Nova onda de Covid e surto de gripe ‘fecham’ hospitais de MOC

Moradores da cidade e região enfrentam horas de espera e, muitas vezes, saem das unidades de saúde sem conseguir atendimento

Larissa Durães
O NORTE
14/01/2022 às 10:35.
Atualizado em 18/01/2022 às 00:53
 (LARISSA DURÃES)

(LARISSA DURÃES)

Em meio a um surto de gripe e uma nova onda de Covid-19, o sistema público de saúde entrou em colapso em Montes Claros. Ficar doente na cidade é sinal de sofrimento, angústia e longas esperas.

Praticamente todos os hospitais do município estão operando com a capacidade máxima há muito ultrapassada. E não há previsão de que o cenário se amenize. 

De acordo com o infectologista Estêvão Urbano, o aumento expressivo das infecções por Covid seria resultado das aglomerações durante as festas de fim de ano. “Já se sabia que a gente estava numa nova onda de Covid-19. Ela começou há 15 dias”, afirma.

A variante Ômicron, segundo o médico, já responde pela maior parte dos casos da doença, e deve aumentar ainda mais as notificações, ultrapassando outras cepas, como a Delta, que vinha prevalecendo até então.

“Estamos numa onda de infecção maior, mas que não é tão grave quanto as outras devido à vacinação, que ajuda a evitar os casos mais graves da doença”, afirma Urbano.

As ocorrências de Influenza, pelo vírus H3N2, também têm lotado as unidades de saúde. Os sintomas são fortes, como febre alta e persistente, muita dor no corpo e de cabeça, além da coriza e tosse. O pequeno Heitor, de apenas 3 anos, precisou de atendimento, tarefa nada fácil, segundo a mãe do menino, Thaís Pereira de Oliveira.

Após uma espera superior a seis horas na UPA Chiquinho Guimarães, na última quarta-feira (12), ela desistiu e voltou para casa sem que o filho recebesse atenção médica. “Cheguei às 18h, com meu menino queimando na febre. Fizeram só a triagem e mais nada, e fiquei até meia-noite esperando o atendimento do médico. Só que ele não foi atendido”, conta. Thaís relata que a unidade de pronto-atendimento tinha somente um pediatra para atender toda a demanda.

“Não consegui saber se meu filho está com Covid, Influenza ou infecção de garganta”, diz a mãe, que desistiu de levar o filho a um médico. “Não fui em nenhum hospital, pra quê? Tudo lotado!”. Ela mesmo decidiu medicar a criança. “Parece que ele está melhorando”, diz.
 
SUPERLOTAÇÃO
A situação é crítica em praticamente todas as unidades de saúde de Montes Claros: de postos, passando pelas UPAs e hospitais. A superlotação é o cenário comum no Hospital Universitário Clemente de Faria (HUCF) há pelo menos dois meses. Os problemas respiratórios prevalecem.

Levantamento do hospital mostra que 1.550 crianças foram atendidas na unidade em dezembro de 2021. O número é 3,3 vezes maior que os 357 atendimentos realizados em janeiro de 2021.

Para o coordenador da Pediatria do Hospital da Unimontes, o médico Carlos Augusto Lopo, os problemas respiratórios identificados nestes pacientes variam entre a bronquiolite, pneumonias virais por Influenza, asma em quadro agudo, pneumonias bacterianas e até mesmo coqueluche. 

“Estes casos são o de maior incidência na enfermaria e com maior influência na superlotação do hospital”, diz o médico.
 
PORTAS FECHADAS
No Hospital Dilson Godinho a situação não é diferente. “Estamos com apenas seis leitos para Covid (SUS) e sem UTIs para Covid. Antes tínhamos 16, ao todo”, informa a assessoria. A unidade sofreu redução de leitos para a infecção pelo coronavírus desde o início de dezembro, conforme designação do Ministério da Saúde. “Porque, na época, estava com baixa de casos”, explica.

Com a sobrecarga, o Dilson Godinho fechou, temporariamente, para novos pacientes pelo SUS. “Estamos atendendo somente as referências pactuadas pelo município de Montes Claros e demais municípios da Macrorregião de Saúde, que são cardiologia, nefrologia e oncologia”.

O pronto-atendimento de convênios e particular, que é a segunda porta de entrada para a população no Dilson Godinho, também pode fechar para os atendimentos de síndrome gripal. “Já temos um número grande de pacientes aguardando leito para internação”, esclarece o hospital. 

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