Nem tudo é festa durante o Carnaval

Episódios de violência e falta de estrutura marcaram a folia que reuniu público muito maior que o esperado

Carlos Castro Jr. - Christine Antonini
Publicado em 07/03/2019 às 05:58.Atualizado em 05/09/2021 às 16:52.
 (Solon Queiroz/Divulgação Carnaval 2019)
(Solon Queiroz/Divulgação Carnaval 2019)

O Carnaval em Montes Claros superou a expectativa de público e a população deixou claro que quer fazer parte da festa mais popular do país. Mas, para que continue, é necessário investimento em organização e segurança. A folia foi realizada em 13 bairros da cidade, com 11 bloquinhos e público estimado em 100 mil pessoas nos cinco dias de programação.

Entretanto, sem incentivo financeiro da prefeitura, os blocos foram para as ruas com apoio de associação de moradores e comerciantes para não deixar a cidade sem a comemoração momesca.

De acordo com os organizadores dos blocos, o município ofereceu apenas infraestrutura, como banheiros químicos e a limpeza das ruas no dia seguinte aos festejos.

No entanto, nem mesmo isso foi considerado suficiente pelos foliões, que reclamaram nas redes sociais do pequeno número de banheiros químicos e de latas de lixo.
 
INCIDENTES
Sem contar com os problemas de segurança. Com o público muito maior do que o esperado, as ocorrências foram inevitáveis.

No domingo, na altura da Praça de Esportes, no Centro da cidade, durante a apresentação do bloco Raparigas do Bonfim, dois homens foram conduzidos por desacatar os militares que faziam a segurança no local. Um deles chegou a pegar o microfone para criticar a ação dos policiais.

Em nota, o bloco lamentou o ocorrido e disse que o público estimado era de 7 mil pessoas, porém o número dobrou, tornando inviável a garantia da estrutura e segurança necessárias. Afirmou ainda que o bloco não é representado pelo ato do integrante citado.

Já os organizadores do bloco “Cê ta Doido” cancelaram o show que aconteceria na terça-feira na Praça dos Jatobás. De acordo com a nota divulgada, devido ao grande público que esteve presente na noite anterior, não seria possível oferecer uma festa de qualidade e segurança para os foliões por falta de estrutura.

No bairro Santos Reis, houve confronto da polícia com pessoas envolvidas em uma briga. Segundo a PM, os militares intervieram em uma briga e foram atacados com socos e garrafas de vidro por oito homens.

Ainda de acordo com a PM, foi preciso usar gás lacrimogêneo para dispersar a multidão. Três policiais tiveram lesões leves, receberam atendimento no hospital e foram liberados. Os suspeitos foram contidos e conduzidos para a delegacia.
 
ESTRUTURA
Nas redes sociais, foliões questionaram a falta de lixeiras e o número de banheiros químicos reduzidos em alguns pontos, como na Praça Jatobás. Segundo as postagens, havia apenas três banheiros (todos unissex) para um público de pelo menos 7 mil pessoas.

Outro questionamento foi a ausência da Guarda Municipal nos circuitos. O secretário de Defesa Social, Anderson Chaves, explicou que todo o efetivo, com 112 guardas, esteve presente. De acordo com o secretário, a função da guarda era apenas de recepcionar os foliões logo no início do evento, e posteriormente repassando a responsabilidade para a Polícia Militar.

De acordo com a PM, o relatório sobre o Carnaval ainda não foi finalizado, mas o assessor de comunicação da PM, major Geovane Rodrigues, pontua que o problema foi a dificuldade em controlar o acesso de armas, drogas ou garrafas.

“É diferente de outros lugares, onde os desfiles de blocos acontecem sem problemas. Aqui ainda não estamos neste nível. Ainda falta um trabalho voltado para um Carnaval tranquilo por parte de foliões e organizadores de blocos. Isso deveria ser a principal bandeira. Só assim voltaremos a ser referência também neste evento”, afirma o militar.

Procurado pela reportagem, o secretário de Cultura, João Rodrigues, afirmou que não houve falha na organização, mas que os próprios blocos subdimensionaram a previsão de público.

“Quanto a banheiros químicos e lixeiras, foram muito bem distribuído para a previsão de público apresentada pelas organizações dos blocos”.

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