Número de casos sobe após flexibilização, mas próxima onda do comércio é aguardada com ansiedade

Márcia Vieira
O NORTE
11/06/2020 às 00:19.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:44
 (Marcia Vieira)

(Marcia Vieira)

Montes Claros registrou, na última semana, um aumento de 53% nos casos confirmados de Covid-19. As ocorrências saltaram de 79, no dia 4 de junho, para 121, ontem, o que dá uma média de sete testagens positivas por dia. Além disso, mais um óbito pela doença foi notificado, totalizando três. A alta coincidiu com o período de nova flexibilização do comércio, equivalente à terceira onda, quando foi permitida a abertura de lojas de decoração, design e paisagismo, clubes de serviço, estacionamentos, lojas de joias e bijuterias e autoescolas. A cidade agora se prepara para a retomada total do comércio no próximo dia 18. Mas muitas pessoas já questionam se seria seguro continuar com o Plano “Montes Claros Avança”. Há o temor de que a manutenção da flexibilização possa aumentar ainda mais a contaminação pelo novo coronavírus. Mas, quem está à espera da quarta onda para voltar ao trabalho, não vê a hora disso acontecer. A partir da próxima quinta-feira, estarão autorizadas as comemorações particulares com até 25 pessoas e a utilização de área de lazer e espaços de convivência dos condomínios. Poderão ser reabertos os shoppings e centros comerciais, hotéis e similares, salões de beleza, cabeleireiro e barbearias, academias de prática esportiva, parques públicos e bares e restaurantes, que até o momento só funcionavam em sistema de delivery. A secretária Municipal de Saúde, Dulce Pimenta, disse que um retrocesso no plano de flexibilização vai depender de a população assumir a responsabilidade de se proteger e aos seus familiares. Ela atribui o aumento de casos à ampliação da testagem. “Foram três meses de muito aprendizado, apesar do aspecto negativo da pandemia. Muitos pensamentos na cabeça e muita troca de ideia”, relata Andrea Carpentieri, proprietário de um restaurante italiano que teve que se reinventar para manter a atividade dentro das limitações exigidas pela prefeitura.  Para ter movimento, ele criou alternativas para a clientela e a rede social foi bastante utilizada, bem como o serviço de entrega. “Fizemos lives de gastronomia com o consulado italiano, criamos uma linha de congelados e iniciamos a fabricação de pão artesanal. Eram projetos que já existiam, mas não tínhamos tempo e eram sempre adiados. Tudo isso ajudou a manter as contas e a diminuir o prejuízo”, disse Andrea, otimista com a retomada do atendimento presencial na próxima semana. Desde o primeiro dia, a higienização com álcool e o uso de máscaras foram adotados na atividade interna do restaurante. As medidas seguem, mas das 13 mesas que haviam na entrada do estabelecimento, apenas sete serão colocadas, com mais três na área externa, para cumprir o espaço mínimo de dois metros de distância entre as mesas. SALÃOO artista plástico Walles Mota concentra, no mesmo espaço, uma galeria de arte, salão de beleza feminino e barbearia. Habituado a trabalhar com agendamento, Walles não vê dificuldade em se adequar e considera essencial a autorização para o funcionamento.  “Temos salas espaçosas, lavatórios separados por cômodos e higienizamos o ambiente com álcool 70% em spray. Na entrada, vamos disponibilizar, além do álcool em gel, sapatilhas descartáveis pro-pé para cobrir os calçados. Vamos atender com horários mais espaçados para fazer a higienização correta a cada entrada e saída de cliente e, naturalmente, menos clientes por dia”, explica. Entidades classistas, como a CDL, vêm reforçando constantemente a necessidade de os comerciantes cumprirem as regras estabelecidas para não haver retrocesso nas medidas. A flexibilização requer treinamento dos funcionários e colaboradores e a adoção de protocolos sanitários.  ISOLAMENTOEm entrevista, a secretária Dulce Pimenta reforçou que o isolamento social ainda é a medida mais adequada para evitar a disseminação do vírus. Dulce admite, no entanto, fragilidade na fiscalização. “Tenho visto pessoas circulando em aglomerações na rua, muitas vezes desnecessariamente, frequentando barzinhos, que ainda não estão autorizados a abrir, correndo em avenidas e utilizando espaços públicos sem a utilização de máscaras”, alerta. Integrante do Comitê de Combate à Covid, a secretária é a responsável por municiar o prefeito de informações que permitem ou não o avanço das medidas. De acordo com ela, a preocupação é com o potencial de transmissão da doença. “A maioria dos casos confirmados no município são de pessoas de 20 a 59 anos, uma população economicamente ativa que transmitiu para familiares idosos, que são pessoas do grupo de risco. São essas pessoas que agravaram e precisam de internação”, declarou.   

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