Município repassa conta pesada a lojistas do Shopping Popular em Montes Claros

Comerciantes são surpreendidos com cobrança de aluguel e condomínio retroativos a quatro meses, sem parcelamento ou negociação

Márcia Vieira
O NORTE
19/08/2020 às 07:14.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:19
 (Divulgação)

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O clima é de incerteza e revolta entre os lojistas do Shopping Popular Mário Ribeiro da Silveira, em Montes Claros. Depois de três meses de portas fechadas em virtude dos decretos municipais determinando o isolamento social, os lojistas retornaram às atividades, mas receberam um “presente de grego” da administração do local. Eles terão que pagar quatro meses de condomínio e de aluguel de uma só vez, situação que pode levar muitos deles a não continuarem no espaço.

“Recebemos boletos para pagar o aluguel e condomínio do shopping com datas de vencimento em 1, 15 e 31 de agosto, correspondentes ao período em que estivemos fechados. O de agosto já chegou também. Temos quatro condomínios para pagar em um prazo mínimo e o valor veio mais alto do que o habitual. Sem prazo, sem parcelamento. A maioria dos lojistas não retornou com o movimento nem próximo do normal e não tem condição de pagar. Outros fecharam as lojas. Muitos temem o encerramento das atividades, mesmo sem ter outro meio de sobrevivência”, disse Isaque Dias em nome dos colegas.
 
SEM ALTERNATIVA
Acompanhado de mais três lojistas, ele esteve no Instituto de Previdência dos Servidores de Montes Claros (Prevmoc), autarquia que administra o Shopping Popular, para tentar uma negociação, mas saiu de lá sem alternativa.

“A diretoria disse que tem que cobrar e, infelizmente, não tem autonomia para negociar. Nós nem estamos pedindo isenção. O que pedimos é prazo ou parcelamento. Quem não puder pagar, vai ter o nome protestado e ainda terá que custear as despesas de cartório”, lamentou.

O Shopping Popular fechou em março e, mesmo depois de aberto todo o comércio da cidade, ele permaneceu impedido de retomar as atividades. Mesmo apresentando um plano de reabertura responsável, os lojistas só foram autorizados a retornar semanas depois, a partir de diversas manifestações e cobrança incessante dos proprietários das lojas. Muitos deles não tinham outra atividade e passavam por necessidade.
 
COBRANÇA
Os poucos que estiveram no local para buscar mercadoria e vender pela internet receberam os boletos para pagar. Quem não foi até o empreendimento, foi chamado para pegar a cobrança e teve que pagar pela impressão do documento, de acordo com Isaque.

Para ter uma loja no Shopping Popular, A.S. teve que participar de uma licitação. Ele reclama que, embora tenha cumprido todas as obrigações financeiras, é constantemente “avisado” pela diretoria que o custo alto tem como motivo a inadimplência.

Sobre a cobrança durante a pandemia, ele é enfático: “Isso é um abuso. Estamos trabalhando para pagar salários de funcionários que são colocados no shopping para atender a interesses particulares, porque quando buscamos a gerência, eles falam que não resolvem nada e temos que procurar a Prevmoc. Então, eles são pagos só para entregar boletos?”, reclamou o lojista.

A.S. teve que recorrer a um empréstimo bancário para quitar a dívida, temendo ser despejado. “Tive que fazer empréstimo no banco porque a cobrança passou de R$ 5 mil. Cobraram juros do tempo em que estávamos fechados e nem quiseram parcelar”, lamentou.

A reportagem entrou em contato com o presidente do Prevmoc, Eustáquio Saraiva, e ele afirmou que desde o dia 1º de julho são feitas as cobranças e que alguns lojistas teriam dívidas anteriores pendentes. Ele confirmou que não tem autonomia para negociar, porque o Prevmoc tem uma finalidade específica e não pode fazer caridade.

“Há um prejuízo de cerca de R$ 200 mil mensais. Isso precisa ser corrigido. A cada dois meses, aposentamos 20 a 30 pessoas que têm que ter o rendimento delas. Cada um paga a sua cota. Infelizmente, aquele que não pagar o aluguel ou condomínio será cobrado na forma da lei”, disse Eustáquio, acrescentando que durante a pandemia os lojistas permaneceram com a mercadoria dentro do shopping e isso gerou custo com segurança para garantir que não houvesse dano.


 

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