(DIVULGAÇÃO)
Certificados de Defensoras Populares de Montes Claros serão entregues amanhã a 165 mulheres. A cidade é a terceira de Minas a receber o curso, depois de Belo Horizonte e Uberlândia. A defensora pública Maíza Rodrigues, que nomeia a turma de formandas e é responsável pelo Núcleo de Defesa da Mulher (Nudem), pontua que a expectativa é a de que as mulheres possam minimizar o sofrimento em suas comunidades, onde a maioria delas é referência.
“No curso, elas têm educação em direitos em todos os aspectos: penal, de família e, principalmente, de violência contra a mulher. São mulheres que têm algum trânsito e são respeitadas como líderes. Vão reproduzir o que aprenderam, apoiando e orientando outras mulheres em situação de vulnerabilidade. Elas serão um braço da Defensoria Pública e um divisor de águas. As defensoras vão atuar voluntariamente, de modo a diminuir o caminho das mulheres até a Justiça”, disse Maíza.
A defensora destaca que é complexo falar em estatísticas, mas diz que, em uma manhã, já chegou a atender no Nudem cinco mulheres vítimas de violência doméstica.
“Não há um número correto, porque a maioria não denuncia. Temos a cifra oculta. Toda mulher, possivelmente, já sofreu violência, mas não identifica, porque a sociedade é machista. Existe o ciclo da violência. Muitas vezes, começa com a violência psicológica, antes da agressão física, mas o agressor retrocede e a mulher acredita, acha que vai mudar”, alerta.
PIONEIRISMO
De acordo com Maíza Rodrigues, a Associação das Defensoras criada em Montes Claros a partir do curso é pioneira e já serve de modelo. Mas a proposta de fomentar a associação passa pelo apoio da sociedade.
“É preciso fortalecer a mulher, para que ela denuncie, mas, mais do que isso, é necessário dar condição para que ela saia da situação de violência. A Associação terá esse papel. Cada uma vai contribuir da maneira que puder. Teremos banco de empregos e reuniões mensais para esclarecer quaisquer dúvidas. Formamos também um grupo de WhatsApp para receber as demandas, porque, às vezes, é uma coisa simples, uma informação e a pessoa tem que sair da sua área para buscar o atendimento. Nossa meta é evoluir para o acolhimento. Contamos com o apoio da sociedade e apostamos nas políticas públicas”, falou.
Clarissa Caldeira, de 43 anos, é escrevente de cartório. Ao saber do curso se inscreveu imediatamente. Para ela, que já lida com situações de conflito em sua profissão, o curso só tem a agregar. “Saímos de lá mais empoderadas, conscientes e cientes dos nossos direitos. Uma frase que utilizamos muito no curso foi a de que as participantes são defensoras de si, dos seus e da sua comunidade”.
A formatura das Defensoras Populares será amanhã, às 8h, no auditório da Escola Estadual Professor Plínio Ribeiro (Escola Normal).