Mulher procura filha desaparecida há cerca de 19 anos que estaria em Montes Claros

Jornal O Norte
28/11/2005 às 11:07.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:54

Valéria Esteves


Repórter


valeria@onorte.net

Dezenove anos sem consolo. Assim tem sido a vida de Márcia Leão, natural de Inhandutiba, distrito do município de Manga. O cenário do desconsolo começou em 1970; Márcia tinha apenas 15 anos quando se engravidou de uma menina ao qual deu o nome de Beatriz, mas que esteve em seus braços por exatos 45 dias.

Márcia mora hoje em Campinas, onde é empregada doméstica e casada com Joanilson Francisco dos Santos, com quem tem duas filhas. Ela conta que desde que foi convencida a dar sua filha para uma tia, Marli da Silva, também de Inhandutiba, nunca mais teve notícias da criança que, por informações de outros familiares, tem características de uma pessoa de olhos verdes, loura e que provavelmente vive em Montes Claros, no Bairro Santa Rita.

Marli da Silva que, segundo Márcia, teria pedido a menina, naquela época, para cuidar, devido à precariedade de alimentação e condições financeiras, havia prometido que a mãe biológica veria a filha quando quisesse, mas em apenas oito dias entregou a criança para uma família de Moc. Tudo o que Márcia sabe é que a tia mora atualmente em São Paulo, mas os irmãos não dão o endereço ou pelo menos o número do telefone, para que seja esclarecido o que realmente aconteceu.




Márcia diz que, segundo informações de familiares, sua filha


atende pelo nome de Vanessa (Foto: Adriano Madureira)

DESVIANDO A ATENÇÃO

A menina, que tem agora 19 anos, atende pelo nome de Vanessa e os pais adotivos se chamariam Neuza e Walter, conforme contam os parentes de Márcia que moram em Inhandutiba. O pai adotivo teria falecido há pouco tempo. Ao que se sabe, os familiares escondem toda e qualquer informação sobre o paradeiro de Vanessa e tentam desviar a atenção de Márcia por todo esse tempo, segundo ela afirma.

- Vim em Minas Gerais no mês de setembro tendo como garantia de uma outra tia, Marlene da Silva, que iria conhecer minha filha, mas isso não aconteceu. Essa tia conta que vê minha filha e sabe quem ela é, como é, mas vive inventando desculpas para não me levar até ela - diz.

A mãe biológica lembra que Marli prometeu contar a história verdadeira a sua filha logo quando ela completasse seis anos de idade, mas, decorridos tantos anos, acredita que isso não aconteceu. Com tão poucas notícias, a mãe biológica comenta que há algo de errado nessa história. A tia deve ter dado a menina em troca de alguma coisa, porque não há explicações para tanto descaso.

DEPRESSÃO

Por causa dessa história, Márcia adquiriu uma depressão que a faz depender de companhia para andar em todos os cantos. Para vir a Montes Claros, teve que vir acompanhada de seu irmão. O pai biológico, José Alex Ferreira, também está aflito em Inhandutiba, em busca de novidades sobre sua filha; na época em que ela nasceu, ele também tinha 15 anos.

No cartório de Manga não há nenhum documento que comprove que a filha de Márcia tenha sido registrada lá. Em estada em Inhandutiba, ela foi ao cartório da cidade verificar se havia algum registro, quando pediu a Cecílio Montalvão que conferisse nos livros de registros civis. Márcia diz que pagou a ele R$ 20 para realizar essa procura, sendo que ele tinha falado que se encontrasse algum registro o preço seria de R$ 50. Mesmo assim, Cecílio teria dito a Márcia que, na época, o cartório teria emitido um consentimento para que a doação fosse realizada pela tia que, por ser maior de idade, assumia as responsabilidades, já que Márcia tinha 15 anos.

APROXIMAÇÃO

Ela diz que não entrou na justiça ainda porque esperava que as tias que sabem com quem está sua filha dissessem pelo menos o endereço de Vanessa para que houvesse uma aproximação, mesmo que seja só para conhecer o rosto de alguém que Márcia viu só quando era recém-nascido.

- Esperei tempo demais e tive que recorrer a psicólogos e psiquiatras para me ajudarem a tirar a culpa que sentia de ter dado minha filha. Agora mesmo se minha filha não quiser saber de mim, gostaria de saber se ela está bem, assim como tenho a certeza de que as minhas outras duas filhas estão bem. Recebi ameaça de uma prima minha, filha de tia Marlene. Ela me disse que se eu entrasse na justiça iria magoar quem não merecia; e o que o melhor era não entrar.

Márcia frisa que só assim poderá, quem sabe, suspender os medicamentos que a ajudaram durante esses 19 anos de busca.

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