Morador de rua ocupa praça da Matriz

Um dos principais patrimônios da cidade está tomado pela sujeira e população reclama de insegurança

Leonardo Queiroz
Montes Claros
28/07/2018 às 07:02.
Atualizado em 10/11/2021 às 01:38
 (LEONARDO QUEIROZ)

(LEONARDO QUEIROZ)

No lugar de canteiros gramados e cheios de flores coloridas, crianças brincando e aquele bate-papo entre amigos, ou uma caminhada, a praça Doutor Chavez, ou da Matriz, está tomada por colchões, cobertas, roupas e objetos pertencentes a moradores de rua. O coreto, patrimônio da cidade, virou um abrigo dessa população que afugenta os cidadãos que gostavam de usufruir do espaço.

A situação é recorrente em outras áreas da cidade, como no Restaurante Popular, às margens da avenida Sanitária, na Rodoviária e no Mercado Central. O quadro é fruto da falta de uma política social do município para acolher e direcionar as pessoas em situação de rua. Não há abrigo municipal em Montes Claros. Tal fato impede uma abordagem dessas pessoas para tentar retirá-las dessa situação insalubre e difícil, principalmente nessa época de frio.

O único serviço existente hoje na cidade é o Centro Pop, que atende a 45 moradores mensalmente, com um grupo de educadores e psicólogos para acolher e orientar. Lá são oferecidos duas refeições por dia e a pessoa tem direito a um banho. No entanto, o espaço não funciona como abrigo, ou seja, as pessoas não podem dormir no local. 

A população reclama da ocupação do espaço e da falta de segurança que isso representa. O cenário também não agrada os empresários que possuem comércios ao redor da praça.
 
INSEGURANÇA
À noite, segundo eles, a situação é ainda pior. O coreto, que era disputado pelos moradores para tirar fotos, hoje é ponto de venda e consumo de drogas e de prostituição. 

“Há menos de uma semana ficamos todos assustados com um rapaz que passava com uma faca na mão e outro ensanguentado. Durante a noite, a calçada fica cheia de colchões e, em alguns pontos, são feitas as necessidades fisiológicas. Pela manhã, precisamos jogar água e lavar todo o passeio. Até sexo durante o dia já foi presenciado”, relata a vendedora Wanessa Silva. 
 
CRESCENTE
De acordo com a Secretaria de Desenvolvimento Social, em dois anos a população de rua dobrou em Montes Claros – são cerca de 500 pessoas vivendo nessa situação.

A justificativa dos “moradores da praça” para permanecerem ali é a de que o local é seguro, pois fica na parte central da cidade e possui água e iluminação. O coreto serve de alojamento improvisado, com várias famílias ocupando o local durante todo o tempo.

Recentemente foi realizado na praça da Matriz o evento “Rua de Direitos”, voltado para as pessoas em situação de rua. Uma das abordagens do evento era buscar soluções para retirar as pessoas da rua, o que ainda não teve solução prática.

A reportagem de O NORTE entrou em contato mais uma vez com a assessoria de comunicação da Prefeitura para obter alguma resposta em relação à situação. Mas até o fechamento desta edição não obteve resposta.

Mariana Costa Barbosa, a moradora mais antiga no entorno da praça da Matriz, chegou em Montes Claros na década de 1940. Ela relata a mudança ao longo dos anos.

“No começo, havia muitas árvores e animais que ficavam na praça. Em seguida, foi feito um belo jardim com lindas rosas e muito verde. Quando vou à missa, vejo como a praça acabou e hoje é tomada por moradores de rua, sujeira e muita poeira”, lamenta. 

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