(márcia vieira/arquivo)
A Prefeitura de Montes Claros anunciou que, pelo segundo ano consecutivo, não haverá o Réveillon municipal na orla do Interlagos. O evento, que reunia até 30 mil pessoas, foi cancelado em virtude da pandemia da Covid-19 e do alerta da Organização Mundial de Saúde (OMS) após o surgimento de uma nova variante do coronavírus.
Batizada de Ômicron – letra grega correspondente à letra “o” do alfabeto –, a cepa B.1.1.529 foi identificada em Botsuana, país vizinho à África do Sul, em meados de novembro. Segundo a OMS, a variante pode se tornar responsável pela maior parte de novos registros de infecção pelo novo coronavírus em províncias sul-africanas.
De acordo com o secretário Municipal de Cultura, João Rodrigues, em entrevista à TV local, a festa foi cancelada, mas o show pirotécnico vai acontecer, sem a presença de público.
Inicialmente pensado para acontecer no alto do bairro Morrinhos, a queima de fogos deverá ser realizada no mesmo local onde a festa vinha sendo realizada, consecutivamente, desde 2012, por recomendação do Corpo de Bombeiros.
A decisão do município divide opiniões. Proprietário de um restaurante às margens da lagoa, o empresário Silvano Tolentino concorda com a suspensão.
Ele destaca que, mesmo sem a festa, o restaurante estará aberto na data e recebendo as pessoas que vão sair de casa, mas seguindo os protocolos sanitários recomendados.
“Acho que tem que suspender sim. Estamos evoluindo com relação à vacinação, a cidade está praticamente com tudo aberto, as atividades todas funcionando, mas não podemos vacilar. Com esta variante que está aparecendo, a gente tem que tomar cuidado”, avalia.
O jornalista Airton Ruas, morador do bairro Independência, que fica ao lado do Interlagos, sempre prestigiou a festa. Entretanto, pondera que, apesar de a prefeitura ter acertado na decisão de suspender a comemoração, peca ao manter o show pirotécnico.
“Como as comemorações atraíam muitos montes-clarenses ausentes, que vêm passar o fim de ano na cidade, seria um risco fazer a festa, já que a nova variante é uma ameaça cada dia mais próxima. Por outro lado, já que cancelou a festa, podia cancelar também o show pirotécnico. Afinal de contas, a queima de fogos é literalmente queimar dinheiro público. Sem falar na poluição sonora causada pelos artefatos que incomodam principalmente os idosos, os autistas e os animais”, pontua.
CRÍTICAS
Nas redes sociais, a manutenção do show pirotécnico virou alvo de polêmica e a maioria dos internautas critica a postura da administração municipal.
“Deveria não ter nada. Quem decidiu isso lembrou o quanto os animais sofrem com esses barulhos desnecessários?”, questiona B.J. Mesma opinião tem Bruna T.: “O show vai ser somente para assustar os animais. Cadê os vereadores para barrar essa tolice?”, pergunta. Já E.C. pondera: “Fogos são lindos, mas, e as crianças autistas? Minha filha passa mal sempre que escuta barulho de fogos e foguetes”, lamenta.
REQUERIMENTO
A vereadora Cecília Meireles (Ceci Protetora), que tem como principal bandeira a proteção dos animais, protocolou um requerimento solicitando o cancelamento dos fogos.
“Além de gerar despesas aos cofres públicos, são também nocivos, perigosos e invasivos, incomodando pessoas e animais. Nestes, podem culminar em fuga, danos físicos ou até a morte”, destaca.
O secretário de Cultura, João Rodrigues, não foi encontrado para falar sobre o assunto.