MOC enfrenta pandemia com racionamento de água

Copasa e prefeitura mantêm rodízio no abastecimento em plena pandemia

Márcia Vieira
O Norte
21/03/2020 às 03:07.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:02
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Em meio ao aumento de casos suspeitos de coronavírus em Montes Claros, a população vive o sofrimento de não ter água em casa para fazer a obrigatória higienização constante das mãos, como determina o protocolo das autoridades sanitárias para prevenção da Covid-19. O rodízio de água da Copasa está sendo mantido, apesar dos vários pedidos de vereadores e dos cidadãos para que seja suspenso nesse período de risco de contaminação pelo vírus.

As reclamações estão em toda parte. Nos conjuntos habitacionais Monte Sião e Minas Gerais, moradores denunciam, nas redes sociais, que mesmo no dia marcado para a água chegar na caixa, ela não cai, e dificulta a higiene. Contar com o álcool em gel é ainda mais difícil, pois está em falta nos estabelecimentos comerciais da cidade. A prevenção ao coronavírus depende, então, de água e sabão, principalmente.

“A situação realmente é muito difícil. Estamos sempre falando sobre isso, e dar as orientações sem que a população tenha água para fazer a higiene é um complicador”, afirma a infectologista Claúdia Biscotto.

A especialista deposita esperanças na medida do governo, que liberou a venda de álcool líquido 60%, antes restrito. “O 46% que ainda é encontrado nos supermercados não é eficaz para matar o vírus. O que foi liberado pelo governo é altamente inflamável e requer cuidados, como deixar fora do alcance das crianças. O risco de acidente é grande, mas, com a falta do álcool em gel, é uma alternativa, além do sabão líquido”, explica Cláudia.

A médica ressalta que, diante da epidemia, o mais indicado seria a Prefeitura de Montes Claros determinar à concessionária a suspensão do rodízio.
 
CASOS
A Secretaria Municipal de Saúde informou ontem que subiu para 24 o número de casos suspeitos da doença, dos quais dois já foram descartados. Na quinta-feira, eram 18 casos investigados.

Em toda a região, já são 19 os municípios com alguma ocorrência de suspeita de contaminação por coronavírus. Até quinta-feira, eram oito. O total de casos sob investigação no Norte de Minas subiu de 48, na quinta-feira, para 74 ontem – crescimento de 54%.

A expansão rápida do vírus preocupa as autoridades sanitárias em todo o país, e vem exigindo que governos federal, estaduais e municipais adotem medidas restritivas de grande impacto para a população e para a economia.

Montes Claros já adotou várias ações, como suspensão das aulas nas escolas, de cirurgias e consultas eletivas. No entanto, elas podem não surtir o efeito esperado se a população não tiver condições de fazer o básico, que é a higienização das mãos.
 
PEDIDO
O vereador Edmílson Magalhães (PSDB) tem utilizado as redes sociais para divulgar que pedirá a suspensão do rodízio ao prefeito Humberto Souto.

Depois das várias reclamações nas redes sociais, a prefeitura divulgou um comunicado dizendo que a Copasa vai construir uma adutora para permitir a captação de água do rio São Francisco. O projeto estaria pronto e nos próximos dias seria feita a licitação, de acordo com a prefeitura. No entanto, a construção da adutora já estava prevista no contrato desde 2017.

A Prefeitura de Montes Claros oi procurada para falar sobre a possibilidade de suspensão do racionamento, mas não deu qualquer retorno.

Em nota, a Copasa informou que o volume de água acumulado nos mananciais ainda não é suficiente para atender a demanda da cidade. Com isso, será mantido o rodízio do abastecimento. A empresa convocou a população a colaborar, fazendo o uso consciente da água.

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