MOC em alerta para leishmaniose cutânea; tipo da doença teve alta de 2019 para 2020

Leonardo Queiroz
O NORTE
27/01/2021 às 00:16.
Atualizado em 05/12/2021 às 04:01
 (Arte HD)

(Arte HD)

Montes Claros registrou, em 2020, uma queda considerável nos casos de leishmaniose atendidos no Hospital Universitário Clemente de Faria (HUCF), referência no Norte de Minas para esse tipo de atendimento. 

A região é considerada endêmica para a doença, por causa das condições climáticas – calor intenso e tempo seco na maior parte do ano – , consideradas favoráveis para a proliferação do mosquito-palha, vetor da doença.

No ano passado, 459 pacientes foram acometidos pelos tipos visceral (Calazar) e cutânea. Em 2019, a unidade registrou 504 casos – o que representa uma queda de 8,92%. Os dados foram divulgados pelo Escritório de Qualidade do Hospital da Unimontes.

Apesar da queda nos números gerais da doença em 2020, a cidade precisa ficar alerta. Isso porque a ocorrência da leishmaniose cutânea aumentou nesse período.

Esse tipo da doença, também chamada de Tegumentar, registrou uma alta de 5,3% no ano passado. Os atendimentos no HU passaram de 264 casos em 2019 para 278 no ano seguinte.

A situação fica ainda mais preocupante quando se analisa o os dados do subtipo Cutaneomucosa, com registro ainda maior: subiu 60% entre os dois anos, passando de 50 casos em 2019 para 80 em 2020.

Para a infectologista Lívia Gomes de Figueiredo, esse aumento pode ser reflexo do período da pandemia. “Com a necessidade de isolamento social, as pessoas ficaram por mais tempo em casa e, com possível relaxamento nos cuidados, tiveram maior exposição ao vetor, refletido no aumento de número de diagnósticos da Leishmaniose Cutânea e Cutaneomucosa”, destaca a médica.

TRATAMENTO
O tratamento, tanto para a leishmaniose visceral quanto para a tegumentar, está disponível gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS). O diagnóstico e o tratamento precoce são extremamente importantes, pois a doença apresenta alta taxa de mortalidade, segundo Lívia Gomes.

Ainda conforme a médica, outra medida determinante está na necessidade de monitorar a população de cães, controlar a proliferação do inseto vetor e evitar a picada do mosquito palha. “São ações tanto de proteção individual como de manejo do ambiente”, acrescentou.

AGRAVANTE
Em Montes Claros, o número de cães abandonados pelas ruas da cidade favorece a proliferação da doença. Não que esses animais sejam os vilões. O cachorro é apenas o hospedeiro da enfermidade.

Entretanto, a falta de cuidados da prefeitura com os animais abandonados nas ruas da cidade deixa a população mais exposta à leishmaniose.

Não são os cães os responsáveis pela transmissão da Leishmaniose, isso é feito pelo mosquito-palha. Mas a existência de cães doentes pela cidade favorece a contaminação do inseto que pica o animal. Hoje, já existe tratamento para o cão infectado.
 
OUTRO LADO
Apesar dessa preocupação, a queda no número de casos da Leishmaniose Visceral é uma boa notícia, já que esta é a forma mais grave da doença.

Segundo dados do HUCF, a ocorrência desse tipo caiu 50,8% de 2019 para 2020 – passou de 185 atendimentos para 91. 

Esta é a forma mais grave da doença e, dentre os sintomas, destaca-se a febre irregular e de longa duração, além do aumento do tamanho do fígado e baço, falta de apetite e perda de peso, anemia e sensação de fraqueza.

  

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