MOC começa a usar coleira contra a leishmaniose

Ação do Ministério da Saúde acontece em 132 cidades brasileiras com alto índice da doença

Márcia Vieira
O NORTE
17/08/2021 às 00:10.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:41
 (FÁBIO MARÇAL/DIVULGAÇÃO)

(FÁBIO MARÇAL/DIVULGAÇÃO)

Montes Claros é a primeira cidade do Norte de Minas a utilizar coleiras inseticidas em cães para conter o avanço da leishmaniose. A cidade é um dos 132 municípios brasileiros escolhidos para integrar o Programa Nacional de Controle da Leishmaniose Visceral.

Foram selecionadas cidades que, nos últimos três anos, apresentaram alta, intensa ou muito intensa, da transmissão da doença.

O programa, iniciado nesta segunda-feira (16), é conduzido pela Coordenação de Vigilância de Zoonoses e Doenças de Transmissão Vetorial do Ministério da Saúde. 

As secretarias estaduais de saúde também vão trabalhar na execução do programa, proporcionando suporte técnico aos municípios para a implementação das ações de campo e monitoramento de indicadores.
 
EFICAZ
Estudos do Ministério da Saúde realizados em 2010 em 14 municípios do país, entre eles Montes Claros, concluíram que a proposta de incorporação de coleiras impregnadas com inseticida (deltrametrina a 4%) para o controle da leishmaniose visceral foi responsável pela redução de 50% da prevalência da doença em cães nas áreas que passaram por intervenção.

Após a obtenção desse resultado, o Ministério da Saúde realizou avaliação de custo e efetividade e chegou à conclusão de que os investimentos com o uso do insumo são positivos.

A Secretaria Municipal de Saúde de Montes Claros já recebeu os insumos. De acordo com a assessoria de comunicação do município, a estimativa é a de que o encoleiramento seja realizado em 12 mil cães, em um período de quatro anos.

Os tutores dos animais deverão aguardar a visita dos agentes do Centro de Controle de Zoonoses. Antes de receber a coleira, os animais serão examinados para diagnóstico da leishmaniose.

O trabalho começou nesta segunda-feira pelo bairro Carmelo e segue em outros 18 bairros, classificados como de alto risco para a doença, a partir de critérios do Ministério da Saúde.

Para Jackeline Bastos, que perdeu o esposo, o jornalista Artur Leite, em consequência da doença, embora tardia a medida é bem-vinda e pode salvar vidas.

“Evita a contaminação do cão e a propagação da doença. Artur poderia estar vivo. A minha cachorrinha usa a coleira e coloquei por conta própria”, diz Jackeline, que morava próximo a um canil e suspeita que a contaminação possa ter ocorrido ali.
 
INDICADO
De acordo com Roberta Cordeiro Maia Machado, médica veterinária do Hospital Renato de Andrade, o uso das coleiras está entre as formas mais eficazes no controle da leishmaniose, pois ela afasta o mosquito-palha, que é o vetor da doença. 

“Atualmente, é descrito como um dos métodos mais eficazes no controle da doença. Recomenda-se associar às boas condutas de higiene do ambiente e aos sprays repelentes e a vacina específica, sob recomendação de um médico veterinário. A melhor maneira ainda é a associação dos métodos de prevenção”, diz Roberta.

A veterinária afirma que, mesmo quem não tem animal, pode contribuir com a limpeza dos ambientes, tais como lotes vagos e o próprio quintal.

Segundo a profissional, a cura da leishmaniose não existe e o tratamento permite o controle epidemiológico da doença. “O cão, mesmo tratado, continua portador. Mas é importante informar que o cão não é um vetor, e sim um portador da doença, que é tão ou mais acometido que nós humanos. O tratamento é uma opção e direito tanto do animal quanto do proprietário. Qualquer tratamento deve ser estabelecido e acompanhado por um médico veterinário”, pontua.


 

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