Mesmo sem obras, Praça da Matriz está cercada de tapumes, gerando prejuízos a lojistas

Márcia Vieira
O NORTE
29/09/2020 às 23:54.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:40
 (Drikka Queiroz)

(Drikka Queiroz)

Moradores do Centro Histórico de Montes Claros clamam por atenção do poder público municipal e pedem a reabertura da praça Doutor Chaves, mais conhecida como Praça da Matriz. O local, cujo entorno deu origem à cidade, está completamente abandonado. O verde foi substituído por tapumes, à espera de uma revitalização que, até o momento, não saiu do papel, revelando um capítulo triste da história montes-clarense. 

A prefeitura chegou a anunciar, em junho, que a reforma estava orçada em R$ 520 mil, mas, quase quatro meses depois, não houve nenhuma indicação de que os serviços iriam começar e a área permanece escura e largada. Um dos tapumes que cercam a praça caiu e é possível ver lixo espalhado em diversas partes da praça, que já foi o cartão-postal de Montes Claros.

“Já não tenho coragem de passar por ali à noite. Prefiro fazer um caminho mais longo, porque não sei o que vou encontrar pela frente. Antes, pelo menos a gente via o outro lado. Fechada, a gente não enxerga nada e, se precisar de socorro, ninguém nos vê”, diz M.J.A., moradora de uma das ruas próximas à Matriz. 

Ela ainda denuncia que a Secretaria de Desenvolvimento Social não resolveu a questão dos moradores em situação de rua que haviam tomado conta do espaço. Apenas “transferiu” o problema. 

“Estávamos sofrendo com a praça tomada por moradores em situação de rua. Ao invés de cuidarem deles e levarem essas pessoas para um abrigo, eles os transportaram para o antigo restaurante popular. Só mudou de lugar, não resolveu”, lamenta.
 
PREJUÍZO
O comerciante M.C. avalia que houve prejuízo para a maioria dos lojistas estabelecidos na região da Matriz. “Se antes a gente convivia com o receio dos clientes serem abordados por pessoas que faziam do local sua moradia, hoje nós convivemos com a falta de clientes. E não é por causa da pandemia. A praça acolhia quem vinha fazer consultas ou resolver alguma pendência em Montes Claros. Eles ficavam sentados por ali, esperando o carro chegar para voltar às suas cidades. Enquanto isso, faziam um lanche e compras nas lojas daqui. O movimento acabou e a nossa renda diminuiu muito. Para os comerciantes foi muito ruim”, diz o representante de produtos alimentícios.

M.C. afirma que o maior problema é que ninguém sabe quando vai começar a obra. “Ninguém aparece para falar nada. Se não tem data nem para começar, imagina quando essa obra vai ficar pronta? Era um cartão-postal que simplesmente acabou. Assim como a Praça de Esportes, eles cobriram para disfarçar e ninguém ver o que acontece do lado de dentro. O calor chegou e não tem o verde para dar sombra”, aponta.
 
BIBLIOTECA
O descaso com a Praça da Matriz já foi tema de audiência pública na Câmara Municipal. A falta de manutenção do espaço e ausência de vigias para assegurar a tranquilidade dos transeuntes foi assunto dominante nas redes sociais e entre os antigos moradores da região. 

Antes do fechamento, houve polêmica em torno do encerramento das atividades noturnas na Biblioteca do Centro Cultural Hermes de Paula. Depois de 40 anos ininterruptos servindo a população de todas as idades, especialmente de acadêmicos e candidatos a vagas em concursos públicos que utilizavam o espaço para estudar, a diretora do espaço, Mardeth Dias Silveira, colocou fim às atividades.

Funcionários disseram que a atitude foi tomada em razão da quantidade de moradores de rua na praça, de frente ao Centro Cultural. Procurada por O NORTE na ocasião, ela se recusou a falar sobre o assunto.

O secretário Municipal de Meio Ambiente, Paulo Ribeiro, não foi encontrado na secretaria para falar sobre o assunto. Funcionários disseram que a pasta fez apenas a colocação dos tapumes, mas o cronograma da obra está a cargo da Secretaria de Infraestrutura e Planejamento Urbano. O titular, Vanderlino Silveira, não foi encontrado pela reportagem até o fechamento da edição.

O secretário de Desenvolvimento Social, Aurindo Ribeiro também não atendeu às ligações para responder sobre a denúncia de que os moradores de rua foram transferidos para o Restaurante Popular.


 

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