(Arte HD)
Montes Claros soma 54 casos confirmados de Covid-19. Desse total, seis foram diagnosticados em moradores do bairro Major Prates, que lidera o ranking criado pela prefeitura e que começou a ser divulgado na última sexta-feira.
O mapeamento aponta que o bairro da zona sul da cidade é o campeão de casos, bem à frente de outros locais igualmente populosos e com comércio efervescente, como o Delfino Magalhães, que aparece com dois casos (veja o ranking na infografia).
Figurar como primeiro neste ranking acendeu o alerta dos moradores e muitos redobraram os cuidados. Camila Gomes é proprietária de uma loja de utensílios domésticos. Pelo último decreto, ela pôde abrir o estabelecimento, mas reitera sua preocupação com relação à pandemia.
“A loja é grande, mas os corredores são pequenos, então, depois da divulgação do boletim, quando vi que o nosso bairro tinha mais casos, decidi permitir apenas duas pessoas na loja por vez. Vi que a atitude depende mais de mim do que dos próprios clientes. Nas ruas, a movimentação é muito grande. Acho que o sistema de vender na porta ainda é o mais seguro”, disse.
O proprietário de restaurante Nélson Assunção avalia que as vendas delivery seguraram o negócio, mas, mesmo assim, houve uma queda de 50% no faturamento. Ele diz que não vê a hora de voltar à normalidade e que, apesar da concentração de casos no bairro, é possível voltar a funcionar se houver conscientização da população.
“Não posso dizer que não tenho medo. É uma preocupação de todo mundo. Mas, cumprindo o que é pedido, dá para manter o serviço”, diz o comerciante, que atribui a liderança do ranking de casos à grande população existente no bairro. “É uma cidade dentro de Montes Claros”, complementa.
O jornalista Aurélio Vidal, criado no Major Prates e promotor da festa anual de aniversário do bairro, também o define como uma “cidade”.
“A maior cidade do Norte de Minas é o Major Prates, com 57 anos de história. Nem Montes Claros é mais movimentada e mais pujante. Aqui existe uma movimentação que não se vê em outro local. O comércio é muito forte e tem umas referências importantes, como o Parque Municipal, shopping, galerias e feiras, que contribuem para a valorização da região e especulação imobiliária. Acredito que a circulação de pessoas de fora é muito grande e, até por isso, está mais propensa a esta situação da Covid-19”, avalia.
FIQUE EM CASA
A confirmação de três casos no bairro Sagrada Família assustou a moradora J.V.. “Eu e meu marido estamos em isolamento. Não saímos de casa para nada, nem recebemos visita. É difícil porque algumas pessoas não entendem e se manifestam falando em nos visitar, já que habitualmente recebíamos pessoas em casa”, conta J..
Para ela, o momento é muito complicado e repleto de incertezas. “Não sabemos onde está o vírus e, sair agora, seria um retrocesso. Ficaria em vão todo o sacrifício que fizemos até este momento. É por um bem maior e, enquanto for possível, vamos continuar isolados”, diz.
A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Comunicação da Prefeitura para saber se há alguma análise sobre o maior número de casos em determinadas regiões da cidade. Mas, até o fechamento da edição, não houve retorno.