Mais um retrocesso na educação de MOC

Prefeitura limita funcionamento da biblioteca municipal, que não funciona mais à noite

Márcia Vieira
07/08/2019 às 07:05.
Atualizado em 05/09/2021 às 19:53
 (MÁRCIA VIEIRA)

(MÁRCIA VIEIRA)

Após 40 anos de atividades ininterruptas, um dos principais pontos de referência em educação na cidade, a Biblioteca Municipal Dr. Antônio Teixeira de Carvalho, que funciona no Centro Cultural Hermes de Paula, encerrou as atividades no turno da noite.

A decisão foi comunicada à população por meio de avisos afixados na parede e provocou reação entre os frequentadores do local. Desde 1º de agosto ninguém pode mais usufruir do espaço após as 19h. 

“É uma perda muito grande para a cidade. Estou me preparando para concurso e há três meses venho aqui diariamente. Não existe em Montes Claros outro lugar adequado para quem precisa estudar. É uma pena”, diz o estudante Lucas Ramos.

José Gabriel Brito começou a frequentar a biblioteca por indicação de amigos e acredita que o horário noturno atende especialmente às pessoas que trabalham durante o dia.

“Estou me preparando para tentar medicina no vestibular. É muito difícil estudar em casa por causa do barulho. Encontrei aqui o que precisava e pretendia ficar até o horário de fechar. Infelizmente, não terei mais essa alternativa”, lamenta. 

Até 2016, mais de mil pessoas utilizavam diariamente o espaço, que mantém mais de 80 mil títulos, incluindo livros didáticos, literatura adulto e infantil. Ex-diretores da biblioteca criaram projetos que possibilitaram a revitalização do espaço, climatização e atualização do acervo, possibilitando ao público de todas as idades um espaço de cultura e educação.

“Tínhamos visitas agendadas das escolas municipais e as crianças desenvolviam atividades educativas dentro da biblioteca, além de passeios pelas imediações que permitiam a elas conhecer um pouco da história da cidade, que teve início nesta região”, conta Mônica Figueiredo, ex-diretora do espaço. Ainda em 2016, a biblioteca foi informatizada e tanto público quanto funcionários foram beneficiados. 

“Felizmente, na nossa gestão tivemos um prefeito sensível, que priorizava a educação e a cultura e nos permitiu implantar projetos que trouxeram muitos benefícios”, revela Mônica, lamentando a decisão da prefeitura.

“A suspensão do cursinho pré-vestibular gratuito que acontecia em toda a cidade já causou um grande prejuízo aos estudantes mais carentes. Todas as gestões mantiveram essa biblioteca funcionando. Na verdade, eles deveriam é aumentar a quantidade de livros no acervo, e não fechar”, ressalta o vereador Daniel Dias, da Comissão de Educação da Câmara. 

A diretora da biblioteca, Mardeth Dias, procurada para explicar o que motivou a decisão, não quis dar explicações e pediu para procurarmos o secretário de Cultura. O secretário João Rodrigues também não foi encontrado no gabinete e não atendeu ao celular.

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