(MANOEL FREITAS)
O problema do lixo e de entulho a céu aberto no bairro Canelas II, a poucos metros do Montes Claros Shopping, não foi resolvido. Pelo contrário. A anunciada suspensão do descarte nos quarteirões compreendidos entre as avenidas Manoel Caribé Filho e Viriato Ribeiro Aquino, próximo à unidade do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais, não teve o efeito esperado. Agora, só na margem direita do córrego Vargem Grande, três lixões se formaram, depois que a administração municipal retirou os cascos (caçambas) utilizados pelos carroceiros.
E, o que é pior: virou questão de saúde pública, porque esses lixões crescem dia a dia, em áreas de grande densidade populacional, principalmente em face à proliferação de animais peçonhentos e ao chorume, que contamina o solo.
RESIDÊNCIAS
Na manhã de ontem, a reportagem de O NORTE foi ao descarte onde a Secretaria de Serviços Urbanos mantém vigilância e aos dois que surgiram no início do mês, todos bem próximos de áreas residenciais no bairro, que faz a ligação da área central da cidade com a Zona Sul e com o Anel Rodoviário Norte.
O morador Ângelo Soares Mota reclama do que sofre com a proximidade dos lixões: “Moro há seis anos na boca do lixo, um descaso, porque estou pagando, em prestações, R$ 700 do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU)”, desabafou. Segundo ele, na rua Herculano Miranda, onde mora, ele e dois vizinhos pegam o lixo, mas aparece até cachorro morto, cobra, escorpião e muitas baratas.
O morador afirmou que, na área agora compreendida pelos três lixões, “os caminhões entopem as ruas de entulho, obstruindo os bueiros, a ponto de a água invadir as casas e causar grandes prejuízos.
Lei não é cumprida
Por lei, todos os lixões do Brasil deveriam ter sido fechados até 2014, cumprindo prazo estipulado pela Política Nacional dos Resíduos Sólidos. No entanto, ainda persistem no país quase 3 mil lixões, funcionando em 1.600 cidades, segundo relatório da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe). Lixões e aterros sanitários são fotos de doenças.
Secretaria não aponta solução para problema
O próprio titular da Secretaria de Serviços Urbanos, Vinicius Versiani de Paula, admitiu ontem, em entrevista a O NORTE, “ser preciso encontrar uma alternativa, para que existam áreas de descarte provisórias, principalmente porque se avizinha o período chuvoso, que traz consigo a dengue, escorpiões e outras pragas urbanas”.
O secretário observou que, “com o processo de urbanização, as áreas de descartes vão ficando cada vez mais mal vistas e, realmente, ninguém quer lixo ao lado de sua residência”. Mesmo com o surgimento de novas áreas de descarte de resíduos, móveis e material de construção, muitas vezes, queimados ao serem descartadas, Versiani argumentou que a secretaria tem “controlado o volume de entulho, invocando a Lei 5.080, de Limpeza Urbana, que proíbe que esses locais sejam utilizados por veículos motorizados”.
CARROCEIROS
Vinicius Versiani aponta como solução definitiva o “descarte do material em seu destino (o aterro sanitário). Entretanto, o argumento dos carroceiros, como o menor J.E., de 17 anos, é que “o antigo lixão da prefeitura na BR-365 é muito distante do bairro Canelas (5,4 quilômetros) e, além disso, os veículos de tração animal não podem circular em rodovias”.
O carroceiro argumentou que “um burro agüenta 600 quilos de carga, mas não consegue superar as altas rampas do aterro”. Desse modo, afirmou que não ter alternativa, a não ser dispensar nos lixões, porque, a R$ 25 o carreto, fatura mais de R$ 1 mil ao mês, dinheiro que usa para ajudar os pais.