Músicos de MOC reagem a novo decreto municipal

“Não somos hospedeiros da Covid”, diz profissional, que alega discriminação

Márcia Vieira
O NORTE
30/12/2020 às 06:55.
Atualizado em 27/10/2021 às 05:25
 (Rogeriano Cardoso/JN/Divulgação)

(Rogeriano Cardoso/JN/Divulgação)

“Não somos hospedeiros da Covid”. A declaração é do músico Jorge Takahashi, indignado com o novo decreto da Prefeitura de Montes Claros, publicado na noite desta segunda-feira (28), sob o número 4.159. 

O documento intensificou a reação dos músicos, que haviam sido proibidos de se apresentar em bares e restaurantes e, agora, com o novo documento, podem voltar aos “palcos”, mas com limitações.

Os profissionais entendem que as regras impostas pelo município são uma discriminação às suas atividades. Takahashi argumenta que o novo decreto só contempla uma minoria ao liberar a apresentação artística limitada a dois músicos no palco, com distanciamento de dois metros entre eles e a três metros do público.

“E uma pessoa que tem três músicos, que canta e precisa de um baixista e percussionista, por exemplo? Tem uma cantora no meu novo CD e precisamos fazer show acompanhados da banda. Então, pelo decreto, não podemos. Este decreto é arbitrário, sem nenhuma consistência, incoerente. E até outras pessoas do staff do prefeito sabem disso”, condena o músico.

Jorge Takahashi afirma que a categoria está sem defesa porque o secretário Municipal de Cultura, João Rodrigues, lavou as mãos e disse que nada pode fazer a favor deles, pois a decisão cabe a uma junta. Mas outros setores do Executivo municipal, embora não se posicionem publicamente, teriam dito nos bastidores que o decreto não tem sentido.

“É uma perseguição, uma incoerência, uma arbitrariedade. Os bares já trabalham com a capacidade exigida pelos decretos anteriores. Os bares já estão com distanciamento desde a reabertura. Se estão mantendo a mesma quantidade de mesas, não justifica o argumento de que os músicos é que trazem aglomeração”, defende o músico.
 
REPRESENTANTE
De acordo com Jorge Takahashi, a classe está se mobilizando para indicar um nome para ficar à frente da Secretaria de Cultura. Ele alega que precisam de uma representação que conheça as dificuldades enfrentadas pela categoria. “Somos tratados como diversão, por isso nunca valorizados nas decisões”, lamenta.

O presidente da Associação de Bares e Restaurantes de Minas Gerais – unidade Norte, Rodrigo de Paula, afirmou que o documento não atende aos anseios da classe, embora seja um reflexo das manifestações, não apenas em Montes Claros, mas em todo o país. O representante declara que as situações não são tratadas considerando a complexidade de cada empreendimento.

“Antes, havia uma possibilidade de trabalho e, sem justificativa, foi retirada. Agora, retroagem pela metade. A gente quer inteiro e não pela metade. Tem que ter uma ideia ampla do que é o negócio para fazer este decreto. Eles estão indo cegamente. Acreditamos ainda na possibilidade de revogação do decreto anterior e é possível fazer uma construção junto às categorias para alinhar os protocolos de segurança necessários sem que haja interferência do funcionamento normal das atividades”, afirma Rodrigo.

Em um grupo organizado pelos músicos, há uma iniciativa que visa listar oficialmente os prejuízos de cada envolvido e protocolar na prefeitura. 

“Até o momento, só cortaram nosso direito de trabalhar e não se responsabilizaram por nossas contas. É um direito constitucional. Se a pessoa está impedindo a outra de trabalhar, ela tem que arcar com as contas”, disse Rodrigo.

O secretário de Cultura, João Rodrigues, não foi encontrado para falar sobre o assunto até o fechamento da edição.

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