Má-conduta de professores revolta

Profissionais são advertidos por racismo e assédio sexual

Christine Antonini
Montes Claros
17/08/2018 às 06:41.
Atualizado em 10/11/2021 às 01:58

Comportamentos no mínimo inadequados de profissionais que deveriam dar exemplo e ajudar na formação de crianças e adolescentes ganharam repercussão esta semana em Montes Claros –um de assédio sexual e outro de racismo envolvendo professores. 

Na Escola Estadual Professor Plínio Ribeiro, conhecida como Escola Normal, um professor de História, de 44 anos, chamou uma aluna de “linda e gostosa” ao comentar uma foto publicada no perfil da menina no Facebook.

A adolescente de 17 anos é aluna do docente no 3º ano do ensino médio. O comentário gerou revolta entre os alunos, e amigos da menina chamaram a atenção do educador, que pediu desculpas pelo ocorrido, alegando que não havia reconhecido a jovem como aluna dele. Ele não comparece à escola desde terça-feira e não foi encontrado para falar sobre o assunto.

A direção da escola foi informada do comportamento do professor pelos colegas de sala da garota, que levaram os prints da publicação.

De acordo com Ivonilde Soares, vice-diretora da escola, o educador foi repreendido por escrito, mas não foi afastado das atividades. 

A outra situação aconteceu no Instituto Federal do Norte de Minas (IFNMG), onde a professora de educação física teria praticado atos racistas contra um estudante. 

O aluno do curso técnico de informática denunciou o caso. De acordo com nota divulgada pelo Núcleo de Estudos, Pesquisa e Extensão Afro-brasileiros e Indígenas (Neabi) do IFNMG, durante uma aula na quadra esportiva a professora pediu para que dois alunos tirassem par ou ímpar para decidir quem jogaria do lado onde o sol incidia. 

Na disputa, o aluno negro perdeu e se dirigiu para a posição do jogo. Neste momento, a professora teria dito que “a natureza era justa mandando os negros para África, onde o sol era forte, e os brancos para onde não tinha sol”.

A nota ainda pontua que o aluno chamou a atenção da professora sobre o comentário. Ela teria finalizado dizendo: “esse povo de esquerda fica implicando com coisas desnecessárias”.

Segundo a direção do IFNMG, não é o primeiro caso de injúria racial envolvendo a funcionária. Em 2016 foi aberta sindicância após comentário preconceituoso contra outra aluna negra. Na época, a estudante aceitou o pedido de retratação formal da professora e o caso foi encerrado.
 
DEFESA
O advogado de defesa da professora, Warlen Freire, informou que há, até o momento, duas versões. “A versão de minha cliente é a de que jamais os fatos teriam ocorrido da forma como narrado por ele (aluno). Em nenhum momento ela quis ofender a honra dele e nem praticou atos racistas. Mesmo porque houve distorção dos fatos. Conversas desconectadas do contexto, ocorridas em tempo pretérito, foram trazidas como se tivessem ligação com os fatos atuais. Ou seja, essa distorção será provada em momento oportuno”. 
 
APURAÇÃO
No caso de suspeita de assédio na Escola Normal, a Secretaria de Estado de Educação informou, em nota, que a equipe de inspeção escolar está apurando o caso na unidade e já se reuniu com a estudante, os responsáveis por ela e o professor para coletar os relatos. 

A nota também ressalta que o professor foi alertado pela direção da escola em relação à postura exigida pelo estatuto do servidor e a inconveniência do comentário. A partir do relatório produzido pela inspeção, a SRE vai analisar medidas administrativas. A direção da escola informou que a aluna não está frequentando as aulas a pedido dos pais.

Já assessoria do IFNMG informou que abriu procedimento administrativo para apuração dos fatos e definição de eventuais sanções, de acordo com a lei 8112 e o estatuto do servidor.

A Superintendência Regional de Ensino não soube informar quantas denúncias contra professores já recebeu neste ano.

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