Lojistas apostam no 13º para aquecer vendas de Natal

Mas há quem irá destinar o abono de fim de ano para quitar dívidas

Larissa Durães
O NORTE
15/12/2021 às 00:24.
Atualizado em 29/12/2021 às 00:33
 (larissa durães)

(larissa durães)

Metade de dezembro já se foi e as ruas de Montes Claros ainda estão vazias, a decoração não chama muito a atenção e as lojas estão ávidas à espera da clientela. Apesar de um cenário que não condiz com a data festiva de anos anteriores, os lojistas estão otimistas. Pesquisa da Fecomércio-MG mostra que 59% dos comerciantes esperam vendas maiores neste mês. E a esperança está depositada no pagamento do 13º salário.

O próximo dia 20 é a data limite para que os trabalhadores recebam a segunda parcela do benefício, e é nela que os empresários apostam para aquecer o movimento.

Um desses otimistas é o dono de uma loja de brinquedos. Braulino de Abreu Filho acredita muito no poder de compra que o 13º proporciona aos clientes. “Com o 13º e o Natal, juntos, as pessoas tendem a gastar mais e não somente em lembrancinhas. O Natal faz com que elas gastem mais para presentear com algo bom”, acredita.

Para o presidente da Associação do Sindicato do Comércio de Montes Claros (SindComércio), Glen Andrade, o abono de fim de ano irá ajudar a elevar a moral dos comerciantes. “As pessoas estão envolvidas emocionalmente, celebrando o Natal, e existe a tradicional troca de presentes. Mas essa troca de presentes só é favorecida graças à injeção do 13º salário. Sem ele, essa proporção iria ser bem menor”, afirma. 

DÍVIDAS
Após tanta restrição em função da pandemia pelo novo coronavírus, as pessoas estão ansiosas por confraternizarem, o que também estimula a troca de presentes. No entanto, estão limitadas pela alta da inflação, que tem castigado neste ano, com produtos com preços em disparada, principalmente alimentos.

Isso divide os lojistas, pois alguns acreditam que o consumidor irá usar o 13º para pagar dívidas. Proprietária de uma ótica no Centro de Montes Claros, Taís Santos não acredita que só o 13º irá favorecer o comércio.

“Estava melhor com o auxílio do governo, o comércio estava movimentado. Agora, é esperar que gastem com a gente o 13º, porque até agora estamos sentindo na pele a retirada do auxílio”, afirma.

No entanto, Glen Andrade afirma que muita gente já usou a primeira parte do 13º, paga no fim de novembro, para quitar as dívidas. A segunda parcela, que deve ser quitada até 20 de dezembro, deverá ser aplicada em outros gastos, como presentes e até mesmo viagens, na avaliação do presidente do SindComércio. “Prioritariamente, as pessoas vão pagar as contas, segundo, irão gastar no comércio, ou poupar e fazer viagens”.

A professora Maria Daniela Caldeira de Faria diz que vai usar o 13º para pagar o que deve. “Quero entrar 2022 bem tranquila. Presentes serão somente lembrancinhas e só entre familiares”, diz. Essa também é a diretriz da gerente de loja Célia Regina Barreto. Ela conta que pretende usar o abono para presentear os mais próximos, porém, só com “lembranças”.

“Pretendo comprar lembrancinhas para os meus filhos com este dinheiro extra. Dá pra fazer uma gracinha, mas, o que sobrar, vou gastar com minha saúde”.

ATRATIVOS
Para tentar melhorar as vendas, mais de 66% dos lojistas ouvidos por uma pesquisa da Fecomércio vão investir em promoções para atrair o consumidor; 55,5% apostarão em propaganda e 22,7% vão diversificar os produtos oferecidos. 

A pesquisa mostra ainda que o Natal gera impacto em 83,6% das empresas do comércio varejista de Minas Gerais. O efeito ocorre em diversos segmentos, com destaque para o comércio de tecidos, vestuário e calçados (91,3%), móveis e eletrodomésticos (89,3%) e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (89,1%).

Outra aposta dos lojistas é no caráter afetivo da festa, principalmente neste ano, após um Natal sem confraternizações em 2020 – 44,1% acreditam que o consumidor irá comprar motivado pelo lado afetivo da festa.

Sócio-proprietário de uma loja de celulares e assessórios em Montes Claros, Gabriel Diniz Marques diz que, com crise ou não, os lojistas devem ficar estimulados. “O 13º veio para fomentar o comércio”. Para ele, tudo é uma questão de ser diferente. “Tem um lugar que tem uma oferta melhor, então, a gente que é menor, tem que oferecer um tratamento melhor, além de tentar competir nos preços, com os grandes. Isto é o que nos ajuda a ter um Natal melhor”, frisa. 

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