Inflação em MOC bate 6,3% em dez meses, esvaziando as despensas

Janaína Fonseca
Editora
07/11/2020 às 08:35.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:58
 (leo queiroz)

(leo queiroz)

Ir ao supermercado e ao sacolão tem sido uma tarefa cada vez mais árdua para o consumidor. O preço dos alimentos vem subindo praticamente a cada semana, provocando sustos em quem tem que manter a despensa abastecida e rombos no orçamento doméstico. Em Montes Claros, a situação não é diferente. No acumulado deste ano – janeiro a outubro – a inflação já bateu a marca de 6,3%, índice bem superior aos 3,79% registrados no mesmo período de 2019.

No mês passado, o IPC ficou em 0,96% contra 0,81% em setembro. E a alimentação tem sido o principal vilão. Segundo pesquisa do Departamento de Economia da Unimontes, todos os grupos que integram a análise do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) apresentaram alta em outubro. Mas o peso maior fica por conta dos alimentos.

Somente esse grupo registrou uma variação de 2,01% em outubro. Destaque para o chuchu, com alta de 19,10% em comparação a setembro; óleo de soja, com aumento de 14,45% nos supermercados da cidade; tomate, 12,11% mais caro; arroz (4,37%); carne de aves (4,22%); carne suína (3,73%) e carne bovina (3,11%).

“Produtos básicos têm subido bastante, sem sombra de dúvidas, devido à pandemia, que provocou um aumento do consumo doméstico”, afirma a coordenadora do IPC da Unimontes, professora Vânia Vilas Boas. Mas ela ressalta ainda outro componente nessa fórmula de explosão de preços: a alta do dólar.

“Com a desvalorização do real, fica mais interessante para os produtores privilegiarem o mercado internacional, que também está com alta demanda. Com isso, a maior parte dos produtos é destinada à exportação, provocando escassez internamente e aumento dos preços”, acrescenta Vânia. 
 
MENOS QUALIDADE
Para a cuidadora Vera Nunes, a situação está crítica. Ela conta que a família teve que mudar os hábitos alimentares para dar conta de manter o orçamento doméstico. “Nosso salário continua o mesmo e no supermercado está tudo mais caro. Estamos diminuindo a quantidade de legumes, frutas, carnes e usando mais macarrão, arroz e feijão”, conta.

Vera diz que a família não sabe mais o que fazer. O tomate – um dos vilões da inflação em outubro – já saiu da lista. “O óleo quase dobrou de preço. Vamos ao supermercado e voltamos sem levar vários produtos, porque o dinheiro não dá para comprar o que sempre compramos. Agora é ter a esperança de que as coisas melhorem”, afirma.

CESTA BÁSICA
Para o trabalhador que ganha um salário mínimo (R$ 1.045), o quadro é ainda mais pesado. O custo da cesta básica sofreu alta de 3,51% em outubro comparado a setembro (3,47%). Para comprar os 13 itens que compõem a cesta, o assalariado precisou desembolsar 38,48% do que ganha. O conjunto do que é considerado a alimentação básica custava R$ 402,13 no mês passado, contra R$ 388,50 em setembro.

E a tendência é a de que os preços continuem a subir até a próxima safra, que se inicia em 2021, avalia Vânia Vilas Boas. Segundo ela, a melhor saída para o consumidor é a pesquisa de preços. “Em Montes Claros, temos um amplo comércio atacadista, que briga entre si por meio de preços. Quem pesquisar pode conseguir uma economia de 15% a 20%”, destaca.

A professora também orienta para que o consumidor faça o planejamento das compras para não gastar mais do que recebe. E ensina ainda a fazer a substituição de produtos. “Os importados estão muito caros, dê preferência aos nacionais. E procure consumir frutas da época, que terão menor impacto no orçamento”, indica.


 

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