Inflação bate novo recorde em MOC

Índice de preços de outubro ficou em 1,23%, puxado pela alta dos combustíveis e alimentos

Márcia Vieira
O NORTE
11/11/2021 às 00:29.
Atualizado em 05/12/2021 às 06:13
 (márcia vieira)

(márcia vieira)

A inflação mensal bate novo recorde em Montes Claros, fazendo o consumidor sentir, cada vez mais, o grande impacto no bolso. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) de outubro ficou em 1,23%, bem acima dos 0,99% de setembro e do 1,20% de agosto, que era o maior do ano até então.

E o principal vilão deste período são os combustíveis, segundo pesquisa realizada pelo Departamento de Economia da Unimontes. No acumulado do ano, a inflação em Montes Claros já atinge 8,49%, muito acima da previsão inicial feita pelo governo federal.

“Em média, há um comprometimento de 5% do orçamento das famílias com a gasolina, que reflete no transporte de qualquer tipo, seja através de carro próprio ou aplicativo, ou via motocicletas, afetando sobremaneira o orçamento”, diz a economista Vânia Vilas Bôas, coordenadora da pesquisa do índice de preços.

Segundo o levantamento, o grupo transportes registrou variação positiva de 2,99% no período. Puxaram esse índice as altas dos combustíveis – etanol (7,87%), gasolina (6,52%) e óleo diesel (6,45%) – e do preço do mototáxi, 20% mais caro.

“Quando a gente fala do diesel, o aumento do preço vai gerar impactos significativos, pois ele tem uma representatividade muito grande sobre produtos que chegam à nossa cidade, pois a maior parte do transporte de cargas no Brasil é no modal rodoviário, que utiliza o diesel”, explica a professora Vânia.
 
ALIMENTOS
O diesel mais caro reflete no aumento do preço de vários produtos, de uma fruta a um aparelho eletroeletrônico, diz a economista. “É um dos fatores que acaba resultando na nossa inflação, pois estamos longe dos grandes centros produtores”.

E aí vem a consequên-cia mais direta: alta nos preços dos alimentos, grupo que apresentou segunda maior variação em outubro (1,95%), mas que tem o maior peso na composição do índice inflacionário.

Na ponta dos produtos que mais encareceram em outubro estão mexerica/tangerina (35,14%), maracujá (22,29%), laranja (20,94%), tomate (19,23%), mandioca (16,11%), batata inglesa (16,03%), mamão (15,26%) e bolachas (4,97%). 

As carnes continuam na trajetória dos aumentos,c com destaque para as aves (3,49%) e miúdos e vísceras (2,47%).

Deram um refresco em outubro o arroz (-2,2%), feijão (-1,60%), carne suína (-1,1%) e ovos (-0,30%).

A dica da economista continua sendo o aproveitamento de promoções na concorrência de mercado e a frequente pesquisa de preços. “Qualquer economia já é significativa. Se possível, comprar à vista”, orienta Vânia Vilas Bôas.

A dona de casa Cássia Rodrigues tem feito mudanças em casa para encaixar o orçamento doméstico. Por causa da alta da energia elétrica, “aposentou” o micro-ondas. “Mas o gás de cozinha comprei essa semana por R$ 119. Não sabemos o que é pior: o gasto com energia ou com o gás. Para todo lado que a gente corre está muito difícil”, desabafa. 

CARRO COMO RENDA
Quando o assunto é o gasto com carro, o aperto tem sido grande, principalmente para quem depende do veículo para ganhar o pão de cada dia.

Para o taxista Altemar Soares, a concorrência com os apps diminuiu porque muitos motoristas desistiram do trabalho. Mas, por outro lado, o combustível está pesando muito nos custos, praticamente inviabilizando o serviço. A promoção que ele costumava fazer para os clientes foi suspensa. 

“Estamos sobrevivendo, mas não sabemos até quando vamos suportar. As corridas não diminuíram, mas se antes eu gastava cerca de R$ 130 a R$ 150 para encher o tanque, agora estou gastando R$ 250, em média. Tem ainda troca de óleo e outras manutenções. A conta não fecha”, afirma.

Para agravar ainda mais a situação, Altemar diz que a tarifa de partida da corrida está em R$ 4,38 há anos. “Já pedimos reajuste, mas a prefeitura nega. E em dezembro, para trabalhar em bandeira 2, que seria uma alternativa de ganho, é preciso também a autorização do município”, explica.


 

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