Homem mata a ex e tenta suicídio

Vítima engrossa estatísticas da violência contra a mulher na cidade: são, em média, sete casos por dia

Alice Veloso*
O Norte - Montes Claros
09/11/2018 às 06:04.
Atualizado em 28/10/2021 às 01:41
 (MANOEL FREITAS)

(MANOEL FREITAS)

Montes Claros registrou mais uma vítima da violência contra a mulher. Elvira Antônia Pereira Alves, de 45 anos, foi morta na última quarta-feira pelo ex-namorado.

Inconformado com o término do relacionamento há pouco mais de uma semana, o homem de 45 anos, que ainda não havia sido identificado, atirou na mulher e depois tentou se matar.

Segundo a Polícia Militar, o crime aconteceu em um bar, na rua Tessália, na Vila Áurea.

A delegada de Mulheres, Karine Maia, informou que não consta nenhum registro anterior na Delegacia de Mulheres contra o autor do crime e, segundo o boletim de ocorrência da PM, ele não possui antecedentes criminais.

Testemunhas contam que a mulher estava no bar em frente à casa dela quando o homem chegou e atirou duas vezes. Em seguida, disparou contra a própria cabeça. Os dois haviam acabado o relacionamento há cerca de uma semana.

O Samu e o Corpo de Bombeiros prestaram socorro e levaram os dois para a Santa Casa. Segundo a assessoria do hospital, a vítima deu entrada em estado gravíssimo, com traumatismo craniano, e faleceu às 00h07, com parada cardiorrespiratória. O corpo foi encaminhado ao IML. Já o autor do crime estava em estado grave até a tarde de ontem. Ele passou por cirurgia e está respirando com a ajuda de aparelhos.
 
CRESCENTE
Segundo dados do 3º Pelotão da PM, nos oito primeiros meses deste ano a corporação atendeu a 1.803 casos de violência doméstica em Montes Claros – média de 7,5 por dia. Em dois deles, as vítimas morreram.

Dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública mostram que Minas Gerais tem um caso de violência doméstica contra a mulher a cada 3 minutos e 37 segundos.

A defensora pública Maíza Rodrigues da Silva explica que o aumento desse tipo de crime se deve à “falta de políticas públicas aliada ao machismo, o que não ajuda a mulher a sair dessa situação de violência”, diz.

Segundo Maíza, há uma banalização desse tipo de violência, porque as pessoas buscam fazer justiça com as próprias mãos. “A grande maioria das mulheres depende financeiramente do companheiro e isso faz com que continue vivendo num ambiente nocivo. Isso se deve também a uma cultura já existente no país, que é o patriarcado”, explica a defensora.

“A mulher demora a identificar a violência. Normalmente só percebe quando ocorre a violência física. Geralmente, começa com maus-tratos, com xingamentos e a mulher convive com isso de forma natural porque faz parte da cultura do país”, diz Maíza, que ressalta a importância de se combater esse tipo de comportamento.

Ela defende a criação de políticas públicas para proteger a mulher. “A solução essencial para combater é a educação. É levar o assunto para as escolas, para espaços públicos e lutar todos os dias contra isso, porque a cada 10 segundos uma mulher é vítima de violência no Brasil”, ressalta.
* Sob supervisão da editora Janaína Fonseca

Compartilhar
Logotipo O NorteLogotipo O Norte
E-MAIL:jornalismo@onorte.net
ENDEREÇO:Rua Justino CâmaraCentro - Montes Claros - MGCEP: 39400-010
O Norte© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por