Gestão da pandemia deveria casar medidas sanitárias e economia, aponta Ruy Muniz

Márcia Vieira
O NORTE
15/04/2021 às 00:23.
Atualizado em 05/12/2021 às 04:41
 (leo queiroz)

(leo queiroz)

A gestão da pandemia pelo novo coronavírus no Brasil tem sido alvo de muitas críticas, tanto de especialistas locais como internacionais. A falta de planejamento e estratégia para enfrentar o vírus é um dos principais pontos apontados para explicar o caos em que o país se viu mergulhado nos últimos meses. Para o professor, médico e empresário Ruy Muniz, as medidas sanitárias são essenciais, mas precisam ser casadas com a manutenção de um cenário econômico sustentável.

“Nos lugares em que houve uma gestão eficiente, passaram com menos dor. Em outros lugares, as pessoas foram desinformadas, omissas ou sem iniciativa e a população sofreu mais”, avalia o fundador do Hospital das Clínicas Dr. Mário Ribeiro, em Montes Claros, e do Centro Universitário Funorte.

Para Muniz, que foi o entrevistado desta semana no programa “Gestores na Pandemia”, do Canal Universitário de Belo Horizonte (CNU), o lockdown não pode ser “cego”, mas baseado em planejamento, monitoramento, cumprimento das medidas sanitárias e, sobretudo, com investimento na testagem para garantir a saúde dos trabalhadores.

“Tínhamos que ter investido mais dinheiro na testagem, para que cada empresa pudesse testar seus funcionários a cada 15 dias, a exemplo dos países desenvolvidos, e poderem trabalhar. Não precisava fechar tudo. Deveriam ter estruturado o serviço de saúde, porque todos sabíamos que havia uma tragédia anunciada. Muitas pessoas poderiam ter sido salvas. Demoraram a se mobilizar”, disse o gestor.

Ruy Muniz ressalta que há muita tecnologia e muito aprendizado disponíveis para aplicação na conduta de enfrentamento à pandemia. E é apostando na tecnologia que o Hospital das Clínicas Dr. Mário Ribeiro investiu na compra de aparelhos avançados que podem evitar ou postergar a intubação de pacientes. De acordo com Ruy, o investimento é válido e a proposta é dar aos pacientes mais vulneráveis a possibilidade de tratamento humano, independentemente de condição econômica.

“A intubação é um procedimento invasivo e, quando ela acontece, o paciente entra em coma induzido, começa a ter problemas em outros órgãos, como os rins. Metade das pessoas intubadas no Brasil vem a óbito. E mesmo quando saem, é traumática e deixa sequelas. Tem casos em que a falência é tamanha que vai ter que intubar, mas vários países do mundo desenvolveram um processo que é o cateter nasal de alto fluxo. O aparelho faz o paciente ter uma respiração melhor e, na maioria dos casos, dispensa a intubação, porque ele continua respirando por si, alimentando pela boca, consciente e ativo com suas defesas contra o vírus”, explica o gestor
 
SOLUÇÃO CRIATIVA
O HC adquiriu, além do cateter, o capacete de alto fluxo que também auxilia na respiração. Para o hospital de Vila Velha, também de propriedade de Ruy Muniz, foi feito investimento no que ele chama de solução criativa, adquirindo medicamentos que são produzidos fora do país e ajudam a garantir o abastecimento no tratamento da doença.

“As autoridades de saúde tomaram várias providências, como requisição das produções das fábricas e repasse dos estados, conforme demanda, para que não houvesse a criminalização da venda de remédios. No Espírito Santo, integramos o consórcio para adquirir este kit diretamente da Espanha, enquanto as fábricas do país aumentam a produção. Os hospitais podem ter essa prática de buscar insumos em outros países”, alertou.

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