Escritora estranha falta de promoções por parte da Associação dos repentistas, entidade que já presidiu

Jornal O Norte
06/07/2005 às 19:24.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:47

Railda Botelho


Repórter

A Associação dos repentistas do Norte de Minas foi fundada em janeiro de 1971 por um grupo de amigos que, nessa época, vivia intensamente a cultura de Montes Claros e resolveu se organizar através de uma entidade. Amelina Chaves, Ildeu Braúna, José Vicente, Josecé Alves dos Santos, Téo Azevedo, Jason de Morais e outros viveram momentos áureos em uma Montes Claros que valorizava os seus artistas e se unia a eles para traçar projetos culturais no sentido de levar a outros centros a arte e a cultura.

Amelina Chaves, um referencial da cultura local, fala a O Norte sobre os caminhos da associação e do tempo em que esteve à sua frente, passando o comando para o radialista e repentista José Vicente, sendo que, de lá para cá, não sabe ao certo o porquê de se encontrar hoje quase parada, atribuindo isso a uma possível falta de incentivo e também de coragem dos próprios filiados.

Amelina é, atualmente, sócia-colaboradora da Comissão mineira de folclore, membro da Academia montes-clarense de letras e de outras academias em 16 estados brasileiros, sendo vencedora de diversos concursos literários.

Já publicou dez livros, destacando-se João Chaves - eternas lembranças (2001), O eclético Darcy Ribeiro, Diário de um marginal, Jagunços e coronéis, O câncer da vingança (1985), a biografia O andarilho de São Francisco (1979), que gerou polêmica e ao mesmo tempo lhe rendeu elogios que vieram do Brasil inteiro, e várias citações da imprensa de Moc e região.

Amelina conta que, através da publicação da biografia, surgiu o convite para fazer parte da Academia de letras de São Lourenço, ao mesmo tempo em que foi editada outra obra com material extraído das críticas geradas pelo Andarilho.

Segundo ela, seus livros sempre geram polêmicas e são alvos de muitas críticas, por trabalhar em cima de uma realidade explícita e, às vezes, com algumas pinceladas de erotismo, amor e sedução. Essas críticas, diz, são construtivas e muito bem vindas, só lhe rendendo bons resultados, principalmente no que se refere às vendas, já que todas suas obras têm uma grande procura em todo o país.

A autora atribui esse sucesso à forma diferente que escolheu para divulgar suas obras, contando com apoio de amigos e algumas empresas que apostam na cultura, fazendo de cinco a dez lançamentos por região, como ocorreu com a obra O eclético Darcy, que teve vários lançamentos simultâneos, e ainda O andarilho, que foi lançado pela 10ª vez em toda a região.

A escritora fala com entusiasmo de uma outra biografia que foi escrita por ela com o título Um mineiro de Caratinga, onde conta a historia de José Romão, um bem sucedido empresário de Brasília, cuja obra teve tiragem de 5.000 exemplares, distribuídos aos amigos do biografado durante o lançamento no Teatro Nacional em Brasília.

Amelina Chaves afirma que a receita para todo esse sucesso com a literatura é muito simples:

- Em primeiro lugar, a gente precisa gostar do que faz, e minha bandeira é acima de tudo a literatura e a cultura de uma forma geral.

Ela mostra, com alegria, os vários prêmios recebidos, não deixando de fazer transparecer uma humildade peculiar que, segundo ela, é outro fator importante para o artista se dar bem.

Finalizando, afirma que a Associação dos repentistas tem grandes chances de voltar à ativa, aproveitando os novos rumos que a administração atual está dando à cultura local.

- É preciso que nós, membros da Associação dos repentistas, façamos tudo para reerguê-la e mostrar ao povo norte mineiro que por aqui se faz arte e cultura como nos velhos tempos - conclui.

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