Escoramento de casarão demora pelo menos 20 dias

Risco de desabamento é iminente, mas prazo para licitação é necessário e sem garantia de ter interessados

Manoel Freitas
O Norte - Montes Claros
04/12/2018 às 05:52.
Atualizado em 28/10/2021 às 04:03
 (MANOEL FREITAS)

(MANOEL FREITAS)

As chuvas das últimas semanas elevaram ainda mais o risco de desabamento do Sobrado dos Telles e Menezes, no Centro de Montes Claros. O imóvel já apresenta um afundamento de 35 centímetros e mais duas paredes caíram. Em caráter emergencial, a prefeitura lançou edital de licitação para realizar obras de escoramento no casarão.

A expectativa, segundo o secretário Municipal de Cultura, João Rodrigues, é a de que dentro de 15 a 20 dias seja possível licitar novo escoramento da chamada gaiola do imóvel – nome dado à estrutura de aroeira do casario –, a um custo de R$ 80 mil.

O temor de vizinhos é o de que a estrutura não resista durante esse tempo. Segundo boletim do 7º Batalhão de Bombeiros Militar, há “risco iminente de desmoronamento” do sobrado, erguido em 1885.

A corporação alerta ainda que “uma possível queda do casarão pode comprometer a estrutura das residências vizinhas”. A calçada em frente ao sobrado foi interditada, mas moradores retiraram a faixa de sinalização e continuam transitando em frente ao imóvel, correndo o risco de serem atingidas em caso de queda de reboco ou telhas.

Segundo o secretário de Cultura, a operação de escoramento do bem histórico é o máximo que a administração municipal pode fazer. “O município não pode despender recursos com um bem que é privado”, disse João Rodrigues, que reconhece a situação iminente de queda do sobrado tombado pelo município.
 
DIFICULDADES
João Rodrigues ressaltou que essa é a quarta tentativa de licitação para realizar intervenções no imóvel e está dependendo apenas da elaboração de planilhas pela Secretaria de Infraestrutura.

A primeira ocorreu em 2016, mas não obteve êxito porque a empresa vencedora não tinha capacidade técnica. No início de 2017, ocorreu novo processo licitatório para escoramento do sobrado, mas nenhuma empresa manifestou interesse. Na sequência, foi feita nova solicitação de despesa e outro fracasso: licitação frustrada, termo usado quando a vencedora desiste por julgar que o valor de referência não é o bastante para a realização dos serviços.

Na verdade, de acordo com Raquel Mendonça, ex-presidente e uma das fundadoras do Conselho Municipal do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural de Montes Claros, o escoramento é “um reforço estrutural amplo”.

Também integrante do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros, lamentou não ter sido exitoso recente entendimento entre os herdeiros de Waldir Telles e a família do ex-prefeito Mário Ribeiro, irmão do antropólogo Darcy Ribeiro. “A família tinha praticamente acertado a compra do sobrado para receber a Fundação Cultural Maria Jacy de Farias Ribeiro, com todo um acervo precioso de peças de arte, não apenas de Montes Claros, mas de todo o país”.

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