Empresas fecham as portas: de março a junho, 318 negócios deixaram de existir em MOC

Christine Antonini
O NORTE
18/07/2020 às 02:54.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:03

Após oito anos atuando no mercado de eventos, a empresa de Bruna Lopes teve que fechar as portas, de vez, devido à pandemia do novo coronavírus. Esse foi um dos setores mais impactados pela exigência de distanciamento social - um dos primeiros a interromper as atividades e, provavelmente, um dos últimos a retomar. O caminho encontrado pela empresária é o mesmo de muitos empreendedores em Montes Claros, que ficaram praticamente quatro meses sem poder abrir seus estabelecimentos. Agora, com a flexibilização, não possuem receita para continuar com o negócio. 

Pesquisa divulgada pelo IBGE nesta semana mostra que dos segmentos que ficaram fechados durante a pandemia no Brasil, 40% decretaram falência. A Junta Comercial do Estado de Minas Gerais (Jucemg) aponta que pelo menos 318 empresas foram encerradas entre março e junho, período de quarentena em Montes Claros. No mesmo período do ano passado, foram fechados 301 empreendimentos. A alta é de 5,64%, índice que pode parecer pequeno, mas que leva em consideração apenas as baixas formais na Junta Comercial. Os dados não levam em conta aqueles negócios que simplesmente não voltaram a abrir as portas e não deram baixa oficial no CNPJ.

Para o economista Aroldo Rodrigues, o pior cenário já passou. Agora, os comerciantes estão se reorganizando para essa nova etapa de reabertura. O que tem ajudado muito, segundo o especialista, são algumas medidas tomadas pelo governo federal que amparam a suspensão de contratos dos trabalhadores.

“O que mais pesa no bolso do empresário é pagar a folha e, com essa decisão do governo, muitos conseguirão se manter. Uma das formas para conseguir manter o negócio aberto é reduzir os custos, deixando apenas os essenciais, aderindo aos programas que o governo disponibilizar, que oferecem mais garantias e menos taxas de juros”, orienta. 
 
SETORES
A Jucemg não disponibiliza dados por segmentos ou tipo de negócio, por serem estas informações conteúdo de certidões. Porém, a Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) de Montes Claros afirma que, das correspondências enviadas solicitando a desfiliação devido o encerramento da empresa, a maioria é dos setores de eventos, pequenas lojas de vestuários e bares.

“Estamos incentivando as empresas a cuidarem da gestão financeira neste momento, procurando os canais de crédito – muitas aderiram ao Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp), do BNDES, que o governo federal liberou para que outros segmentos pudessem solicitar o recurso e não só o homem do campo. Também estamos buscando novas ferramentas para o empresário, como oferecer plataformas digitais para vendas”, afirma Ernandes Ferreira da Silva, presidente da CDL. 

Situação insustentável
A agenda da empresária Bruna Lopes tinha 35 contratos de março a agosto. Ela ficou apenas com quatro. O restante foi negociado e, em alguns, terá que pagar multa, devido à rescisão contratual. Bruna ainda teve que dispensar 20 prestadores de serviço, entre cozinheiras, garçons, segurança.

“A pandemia veio no momento em que as empresas estavam se recuperando da crise do ano passado. Quatro meses de portas fechadas e sem perspectiva nenhuma de retorno, decidimos fechar a empresa. Tínhamos que pagar os prestadores de serviço. Para isso, usamos um dinheiro reserva, mas acabou. Colocamos no papel todas as contas e decidimos que seria melhor negociar com os clientes com quem tínhamos festas agendadas”, relata Bruna Lopes. 

Ainda de acordo com a empresária, além do tempo fechado, tudo subiu de preço. No segmento dela, os insumos tiveram alta de 35%. Para Bruna, a flexibilização imposta pela Prefeitura de Montes Claros é incoerente. “Abre bares, mas não dá previsão para nós, do setor de eventos. Todos temos o direito de trabalhar. E dentro de uma festa, podemos limitar o número de pessoas, assim como oferecer melhor higienização”, opina. 
 
NOVO DECRETO
Após o aumento de mais de 300% no número de casos de contaminados pelo coronavírus, a Prefeitura de Montes Claros expediu um novo decreto sobre a flexibilização do comércio. A medida vale por dez dias, contando a partir de ontem. 

Foi reduzido o horário de funcionamento de bares, restaurantes e similares. Antes, estes estabelecimentos podiam receber clientes das 18h às 22h. Agora, o horário passou para até as 20h.

As reuniões particulares voltaram a sofrer limitações, sendo proibidas aquelas que tenham a participação de mais de cinco pessoas – antes podia no máximo 25. A violação desta norma implicará na multa do proprietário ou locatário da residência no equivalente a 20 Unidades de Referência Fiscal de Montes Claros (UREF-MC), ou seja, R$ 750,20.

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