(MANOEL FREITAS)
Professores da rede municipal de Montes Claros realizaram ontem a 30ª manifestação em menos de 40 dias pela regularização dos salários. Eles cobram o pagamento de dezembro e também reivindicam mais segurança nas escolas. Sem vigilantes, apenas uma instituição foi arrombada sete vezes em 12 meses.
O protesto teve dois atos. Foi marcado, primeiro, pela doação de sangue no Hemocentro Regional.
Depois, os educadores seguiram para a prefeitura. No canteiro central em frente ao prédio do Executivo, plantaram uma aroeira, “sinônimo de resistência diante do descaso e das represálias da administração municipal”, diz Juliana Alves Miranda, vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Sistema Público Municipal de Montes Claros (Sind-Educamoc).
O plantio da árvore, de acordo com a dirigente sindical, foi igualmente motivado pela decisão do prefeito Humberto Souto de usar a Guarda Municipal e a Força Tática Ambiental para impedir a entrada dos professores nas dependências da prefeitura.
Também foi um ato de repúdio ao cancelamento, na quarta-feira à noite, da reunião que o prefeito teria com a própria bancada no Legislativo municipal e membros da Secretaria de Educação. No encontro, seria discutida a possibilidade de quitar a folha dos quase 4 mil servidores da área e de parte das rescisões de funcionários dispensados.
Segundo o sindicato, a prefeitura tem em caixa R$ 6.956.061,88 referentes a repasses, feitos em janeiro, pelo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb).
“Além de ter quase R$ 7 milhões do Fundeb, a educação recebe novo repasse em 20 de janeiro, suficiente para colocar todos os pagamentos em dia”, diz Juliana.
Segundo ela, nas reuniões com o sindicato Souto teria dito não se importar com um possível desgaste da própria imagem com o movimento, “alegando ter a seu lado a opinião pública”.
MEDO
Os educadores também questionam a decisão do prefeito de dispensar os vigilantes, “economia altamente questionável porque trouxe uma insegurança muito grande aos professores e demais servidores da educação na sede do município e nas comunidades rurais”, afirma Juliana.
Segundo ela, somente a Escola Municipal Simone Soares, no bairro Esplanada, foi arrombada sete vezes nos últimos 12 meses. Situação parecida à da Escola Municipal Mariana Santos, às margens da BR-135, da qual foram roubados computadores, equipamento audiovisual e até mesmo o livro de ocorrência de alunos.
De acordo com o Sind-Educamoc, a falta de segurança é também um problema para os professores que trabalham no período noturno.
Os dirigentes do sindicato afirmam que em 2018 algumas escolas municipais chegaram a ficar sem energia elétrica após o roubo de fiação elétrica. Na Escola Municipal Simone Soares, até os armários dos professores foram arrombados.
A vice-presidente do Sind-Educamoc salientou que o sindicato da categoria pouco pode fazer nesse sentido, “porque a direção das escolas utiliza as fotografias (dos estragos) quando da confecção dos boletins de ocorrência da Polícia Militar, mas não disponibiliza as imagens porque ocupa cargo de confiança e é pressionada por superiores”.
Procurada por O NORTE, a Prefeitura de Montes Claros não respondeu aos questionamentos.