(MANOEL FREITAS)
Quem passa pelo lado de fora do Restaurante Popular de Montes Claros e vê o desleixo e abandono do local, não pode imaginar o cenário de destruição que há no interior do imóvel. Equipamentos foram roubados, mesas e cadeiras reviradas, parte elétrica destruída e até paredes arrombadas. Imagens que indicam o total desprezo da gestão municipal pelo local que já chegou a servir 1.500 refeições diárias a R$ 1, atendendo uma população carente que hoje está desassistida.
Mais uma vez a manutenção do restaurante fechado e a destruição do espaço foram motivo de audiência pública na Câmara de Vereadores. E novamente a prefeitura informou que não há previsão para que o local seja reaberto.
Inaugurado em 19 de setembro de 2008, com investimento de R$ 1,5 milhão do governo federal e contrapartida de R$ 500 mil da Prefeitura de Montes Claros, o que se vê com essa atitude é, novamente, o desperdício do dinheiro público.
O que foi investido se perdeu e, para retomar as atividades da unidade, será necessário novo investimento. A cada dia que passa, a negligência da administração municipal com o restaurante agrava a situação do espaço.
Além da precarização da infraestrutura, o local serve de abrigo para moradores de rua e usuários de drogas.
A depredação e o uso do local por usuários de droga, que justificariam a colocação de vigilância por parte do poder público, foram os principais temas de audiência pública promovida em março desse ano pela Câmara. O assunto foi relatado pelo O NORTE. Desde então, nada foi feito.
O refeitório, além de propiciar boa alimentação a pessoas de baixa renda, desde a inauguração promovia a agricultura familiar, pois vários alimentos eram adquiridos diretamente das comunidades rurais.
DESLEIXO
Na manhã de terça-feira, pela primeira vez desde que foi tomado pela mendicância e pelo banditismo, a reportagem de O NORTE teve acesso ao interior do Restaurante Popular e pôde documentar a total destruição do prédio que, por força do convênio celebrado com a União, deveria ser mantido pela prefeitura. Cenário total de desleixo.
Com banca no Mercado Central, o comerciante Toninho Raizeiro, de 62 anos, é uma das milhares de pessoas que faziam refeições a baixo custo. “Você viu que bagaceira que virou lá? Os sem-teto invadiram, levaram tudo, até fiação”, disse em tom de desabafo. “Como é que abandonam uma obra desse jeito?”, questiona.
A auxiliar de serviços Maria de Fátima Santana, de 62 anos, mãe de oito filhos, também lamenta o fechamento do Restaurante Popular, onde fazia regularmente as refeições. “Aqui era mil maravilhas, bom demais. Muita gente vinha de longe almoçar aqui: idosos, gente que comia duas refeições e ainda levava para casa para jantar”, conta.
A prefeitura foi procurada para falar sobre o assunto, mas, como de costume, até o fechamento dessa edição a assessoria não se manifestou.