Denúncias apontam perigo na Ceanorte

Central estaria entregue à insegurança e ao descuido, dizem produtores e frequentadores

Márcia Vieira
O NORTE
19/05/2021 às 00:38.
Atualizado em 05/12/2021 às 04:58
 (+Aurélio Vidal/Divulgação)

(+Aurélio Vidal/Divulgação)

A Central de Abastecimento de Montes Claros (Ceanorte), tradicional espaço usado por produtores da região para comercialização de gêneros alimentícios, já viveu dias melhores. A fala é do produtor rural Fernando M., que há cerca de 20 anos trabalha no local, mas, com medo de contaminação pela Covid-19, não tem frequentado o lugar. Entre preservar a saúde e a boa remuneração, fez opção pela primeira.

“Sou hipertenso, não posso me arriscar. 50% das pessoas que estão lá tiveram Covid e duas morreram. Não tem higiene, falta água para lavar as mãos, os banheiros estão danificados e sem iluminação, não temos nenhuma segurança”, diz o produtor, acrescentando que as segundas e quartas eram reservadas para a comercialização. Na quinta-feira, os produtores vendiam o rescaldo da produção, mas foram proibidos de entrar e estão vendendo a mercadoria na porta.

“Eles nos proibiram de vender na quinta-feira, dizendo que era para fazer a limpeza nesse dia, mas não estão fazendo. Em dias de feira, os caminhões e chapas entram e saem o tempo inteiro. Qualquer um pode comprovar isso. As pessoas ficam lá dentro sem máscara. Não existe fiscalização. Só colocam álcool na porta, para quem quiser usar, mas não medem temperatura nem controlam fluxo de pessoas”, diz ainda. 

Segundo o comerciante, antes, os produtores eram cadastrados, havia controle, e quem buscava a Ceanorte sabia o que encontraria. “A desorganização e o descaso tomaram conta do lugar e prejudicam quem vende e quem frequenta, por causa da sujeira”, relatou.

Roubos 
Aurélio Vidal, jornalista e líder comunitário do bairro Major Prates, é frequentador da Ceanorte e lamenta a postura do Executivo. Ele revela que presenciou roubos no local e diz que a falta de policiamento afasta tradicionais compradores.

“Já assisti de tudo ali. A insegurança começa na noite anterior aos dias de feira. Tem roubo de mercadoria, circulação de notas falsas e até brigas que resultaram em homicídios. Câmeras do Olho Vivo resolveriam parte do problema, mas, infelizmente, falta comprometimento e valorização desses produtores que há anos nos atendem aqui, com toda boa vontade”, disse.

Ana Clareth, moradora do projeto Jaíba, vinha toda semana a Montes Claros para vender seus produtos. Com a pandemia, as viagens ficaram mais espaçadas, até serem encerradas mais recentemente.

“Chegamos a vender 300 sacos de mandioca. Ultimamente, não chegava a 100. Agora, estou vendendo a produção para a Bahia, porque ficou muito difícil trabalhar aqui e as condições do lugar não favorecem”, disse Ana.

Com base nas denúncias, a Comissão de Agricultura da Câmara Municipal compareceu ao local e se comprometeu a buscar alternativas junto ao Executivo para os cerca de 300 produtores que usam o espaço. De acordo com a vereadora Graça da Casa do Motor, presidente da Comissão de Agricultura, “a comissão foi ao local verificar as demandas. No requerimento ao prefeito, pedimos reforço na portaria, iluminação, monitoramento por câmeras e a presença de segurança armada nos dias de maior movimentação”. 

O secretário de Agricultura, Osmani Barbosa, foi procurado pela reportagem, mas até o fechamento da edição não retornou o contato. 


 

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