O I Curso de formação para alfabetizadores da EJA – Educação de jovens e adultos que a prefeitura de Montes Claros, em parceria com o ministério da Educação (Sistema Brasil alfabetizado) realizou de 8 a 10 de dezembro, no hotel Fazenda Vista Alegre, BR-251, KM 3, foi válido porque desencadeou um processo de resgate a partir da perspectiva de não infantilizar a alfabetização de jovens e adultos.
A opinião é da coordenadora da Educação de Jovens e Adultos na Secretaria municipal de Educação, Derci Alves de Souza, que fez questão de ressaltar a diferença de método que deve permear as práticas de alfabetizar crianças e alfabetizar quem já saiu da infância.
Participaram do evento, que ocorreu quinta e sexta-feira durante todo o dia, e sábado até o meio-dia, 21 professores pertencentes ao Proaja - Programa de alfabetização de jovens e adultos.
Derci Alves advertiu que, ao contrário dos pequenos, o jovem e o adulto trazem consigo uma vivência de mundo toda própria.
- Isso, às vezes, não é levado em conta. Quando se infantiliza a EJA acontece a ridicularização da pessoa que, por um motivo ou outro, não pôde estudar na época ideal - complementou, reforçando a importância desse e da série cursos de formação que será oferecida de agora em diante àqueles educadores da rede municipal de ensino.
- O alfabetizador de jovens e adultos precisa ter consciência do seu papel para que os resultados sejam positivos – alertou, ao pontuar, entretanto, que o sucesso depende da condição da EJA de interferir no cotidiano de seus alunos.
- Ouvimos muitos depoimentos sobre como muda a vida do adulto que abandonou o analfabetismo. Quando começa a ler e a escrever, ele não aceita mais, por exemplo, usar impressão digital para assinar. Ele quer escrever o nome. Sente orgulho disso - avaliou.
Da mesma forma, segundo ela, a façanha de conseguir ler a placa do coletivo urbano ou uma receita médica modifica a maneira de enxergar o mundo.
TEMAS
Durante a capacitação houve a abordagem de dois temas: Alfabetização na perspectiva do letramento, sob os pontos de vista das estratégias para a alfabetização e da alfabetização enquanto ato político, pela professora Maria do Carmo Fonseca Costa, que supervisiona o projeto. Todas as letras, da Central Única dos Trabalhadores nacional; e Como trabalhar Geometria na EJA: as formas bi e tridimensionais, questões metodológicas, acompanhadas de atividades práticas, pela professora universitária Lucimary da Conceição Wanderley Boaventura, pós-graduada em Pedagogia e Supervisão.
A arte-educadora Elaine Barbosa dos Santos, pós-graduada em Artes, apresentou a Arte como ramo do conhecimento humano, trabalhando a questão da visualização e do condicionamento da Geometria, na tentativa de anexá-la à vivência do educando.
Elaine Barbosa ainda ministrou oficina visando à montagem de caixas para presentes.
EJA
Implantada no município há cerca de 10 anos, a Educação de jovens e adultos atende estudantes na faixa etária de 15 a 85 anos. A EJA abrange desde a alfabetização até o ensino médio e beneficia hoje perto de três mil educandos, distribuídos em 23 escolas municipais das zonas urbana e rural de Montes Claros. As aulas ocorrem à noite.
Já o Programa de jovens e adultos surgiu um pouco antes, em 1989, como um programa emergencial da EJA, inicialmente para alfabetizar os funcionários da prefeitura de Montes Claros que não sabiam ler nem escrever. Depois se estendeu para membros da comunidade em geral sem acesso às quatro primeiras séries do ensino fundamental ou que não as haviam concluído. Hoje, o Proaja funciona em 16 centros de ensino e, atualmente, possui 25 turmas, formadas por um total de 450 alunos.