Crianças com câncer atendidas pela Fundação Sara poderão registrar a jornada pela cura em planners

Leonardo Queiroz
O NORTE
23/11/2021 às 00:57.
Atualizado em 05/12/2021 às 06:18
 (fotos fundação Sara/Divulgação)

(fotos fundação Sara/Divulgação)

Crianças e adolescentes com câncer assistidas pela Fundação Sara passam a contar, a partir de hoje, com uma ferramenta que vai ajudá-los a percorrer o árduo caminho do tratamento. Esses pacientes poderão encontrar um refúgio nos “Planners de Cura” que a instituição recebeu e vai repassar a eles nesta terça-feira, Dia Nacional do Combate ao Câncer Infantojuvenil.

O evento acontece hoje, às 9h, na Fundação Sara Montes Claros. Os cadernos foram idealizados e doados pela escritora Raisa Drummond, diagnosticada com linfoma de Hodkin em agosto de 2020. Natural do Espírito Santo, ela participará do evento de forma remota. Raisa doou à fundação mais de cem exemplares do planner. 

Ela conta que criou o planner para acompanhar sua trajetória de cura, mas decidiu compartilhar com o mundo para ajudar outras pessoas em tratamento. “O Planner da Cura foi criado com muito amor! A intenção é que ele seja um refúgio e um companheiro na jornada de cura de muitas pessoas, assim como foi na minha”, comenta a escritora.

O conteúdo do planner é repleto de atividades para levantar o astral e acolher meninos e meninas, espaço para rastrear os sintomas, praticar a gratidão, a escritoterapia para criar seus lemas pré e pós quimioterapia, além de depoimentos que auxiliam no processo e diversas outras abordagens.
 
ESCRITOTERAPIA
Raisa criou dois planners: um infantil e um para os adolescentes. O que foi desenvolvido para as crianças é mais ilustrativo e lúdico. Já no caso dos adolescentes, é algo mais relacionado à escrita e possui uma versão maior.

De acordo com a psicóloga Débora Aguiar, o planner pode ajudar os pequenos guerreiros a registrar suas expectativas e medos na luta contra o câncer. “A escrita é uma forte aliada ao tratamento, principalmente para crianças e adolescentes que geralmente têm mais dificuldade de verbalizar seus sentimentos. Também é importante para registrar e possibilitar melhor compreensão sobre o momento vivenciado”, afirma a psicóloga.

Débora acredita ainda que o conceito de cura é muito amplo e pode ser pensado não só como a cura física, mas também emocional e espiritual. “É muito importante compreender qual significado que ele tem aos que estão em tratamento e, a partir daí, intervir, fortalecer e oferecer melhores condições de enfrentamento à doença”, comenta.
 
DIAGNÓSTICO
A pequena guerreira, Thaenne Raissa, de 5 anos, será uma das beneficiadas com o Planner de Cura. A mãe dela, Maria Aparecida, conta que os sintomas da doença começaram em setembro de 2020. A menina sentia fortes dores na barriga. No início, Maria Aparecida achou que os sintomas sinalizavam a hérnia no umbigo que já havia sido diagnosticada em Thaenne aos seis meses de vida.

No entanto, as dores persistiram e ela procurou ajuda médica no hospital de Rio Pardo de Minas, cidade onde mora. Na unidade de saúde, o diagnóstico foi o que a mãe imaginava: poderia ser a hérnia no umbigo, gases ou outras doenças comuns à idade infantil.

Segundo a oncopediatra da Fundação Sara Sabrina Eleutério, como os sinais e sintomas do câncer infantojuvenil são similares aos de outras doenças da idade, confundir o diagnóstico é algo recorrente.

Ela ressalta que é preciso acompanhamento da evolução dos sinais e sintomas para se chegar ao diagnóstico correto e para aumentar as chances de cura. 

Apesar das estatísticas, que apontam que o câncer já representa a primeira causa de morte por doença entre crianças e adolescentes de 1 a 19 anos no Brasil, se a doença for diagnosticada e tratada de forma precoce, as taxas de cura podem chegar a 80%, de acordo com dados do Inca.

No dia 20 de setembro de 2020, Thaenne foi encaminhada para Montes Claros, onde passou por cirurgia para retirada da hérnia e tumor. “Após a cirurgia, voltamos para casa e o acompanhamento era realizado por meio de exames. Só que, infelizmente, descobrimos que o câncer voltou após 11 meses, dessa vez atingindo os dois rins e a bacia”, conta a mãe. 

Há quatro meses Thaenne está fazendo quimioterapia e, desde o diagnóstico, a família recebe total apoio da Fundação Sara. “Fomos recebidas com muito amor e carinho. Eu só tenho a agradecer”, diz Maria Aparecida.

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