(myke sena/ms/divulgação)
Nos últimos dois anos, a Covid-19 matou mais mineiros com até 9 anos de idade do que todas as doenças preveníveis com vacinas disponibilizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A comparação comprova a urgência da imunização de crianças contra o coronavírus, medida defendida por médicos e cientistas.
Nesta quinta-feira (13), está prevista a chegada das primeiras doses da vacina da Pfizer específica para crianças de 5 a 11 anos. De acordo com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, a empresa antecipará a entrega de 600 mil, das 4,3 milhões de doses da vacina pediátrica contra a Covid-19. “A primeira remessa de doses da indústria farmacêutica chegará dia 13 e será prontamente distribuída aos estados, para que possam fazer a distribuição para os municípios”, afirma o ministro.
Em Montes Claros, 37 mil crianças nessa faixa de idade poderão receber o imunizante. A prefeitura informa que o município possui toda a estrutura vacinal preparada para quando as doses forem disponibilizadas.
Para a infectologista Gabriela Araújo Costa, membro da Sociedade Mineira de Pediatria, a imunização de crianças contra o coronavírus é um dos caminhos para o fim da pandemia. “Quanto mais rápido a gente vacinar, menor a chance deles adoecerem e de continuarem transmitindo”, afirma a médica.
MAIS MORTES
Segundo a especialista, o Brasil é um dos países onde mais morreram crianças por complicações do vírus. “Está relacionado a vários fatores, como políticos, sociais, a questão do negacionismo, o atraso na vacina, dificuldade de acesso ao serviço de saúde para fazer um diagnóstico rápido, vaga em UTI para os casos mais graves”, explica.
Com a aplicação do escudo, Gabriela afirma que a tendência é a de que os números de casos e óbitos infantis caiam e atinjam o mesmo patamar das outras enfermidades imunopreveníveis.
Em Montes Claros, foram registrados 4.157 casos de Covid-19 entre crianças e adolescentes de zero a 19 anos. Esse número equivale a 9,18% do total de casos confirmados na cidade (45.249), segundo balanço divulgado na segunda-feira.
Três crianças perderam a vida para o vírus: uma na faixa de zero a 9 anos e duas de 10 a 19 anos. Em Minas, foram 78 mortes nesse público, segundo dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES) – número superior às 62 mortes por pneumonia, 17 por meningite e duas por hepatite.
Pais divergem sobre eficácia da proteção
Apesar de todas as orientações de cientistas e médicos, a vacinação das crianças contra a Covid-19 ainda divide opiniões.
A empresária Juliana Andrade não tem dúvidas sobre o papel da vacina e diz estar só esperando a dose chegar para levar o filho, de 9 anos, para poder ser protegido. “Com certeza vou vacinar meu filho contra a Covid, assim que a vacina for disponibilizada na cidade”.
Para ela, é uma questão de proteção e saúde. “Acho importantíssimo a vacinação de crianças, para proteger nossos pequenos e também para a doença não avançar”, afirma.
Já a professora Ana Paula Gamas Dias de Oliva, que tem uma filha de 15 anos e um menino de 11, considera que os estudos sobre a vacina para crianças e adolescentes ainda não estão claros. Por isso, irá optar por não vacinar os filhos neste momento.
“Médicos me indicaram não vacinar porque ainda não há estudos concretos sobre a vacinação”, conta. Apesar da posição, Ana Paula diz que não é contra a vacina, mas aguarda mais estudos. “Não sou contra a vacina, eu mesmo já vacinei, mas vou esperar um pouco”.
A pneumopediatra Oriana Vieira Carneiro Brant esclarece, no entanto, que os estudos confirmam a eficácia da vacina. “O que a gente sabe é que as entidades mais importantes, e baseadas em estudos científicos muito bem feitos, atestam que o imunizante é eficaz”.
Segundo ela, a Sociedade Brasileira de Pediatria e a Sociedade Brasileira de Imunização atestam a segurança da vacina. Ela explica que houve uma incidência baixíssima e raríssima de quadros de miocardite em pacientes que fizeram o uso do imunizante.
*Com Luiz Augusto Barros, do Hoje em Dia