Covid cresce entre as pessoas mais jovens

Apesar de ser mais letal entre os idosos, doença tem atingido de forma grave cada vez mais quem está abaixo de 39 anos

Da Redação
O NORTE
10/03/2021 às 00:24.
Atualizado em 05/12/2021 às 04:22
 (leo queiroz)

(leo queiroz)

Considerada muito mais letal para idosos e pessoas com comorbidades, a Covid-19 vem afetando cada vez mais homens e mulheres jovens. O perfil dos pacientes atendidos em hospitais de todo o país tem mudado, principalmente após a proliferação de outras cepas do coronavírus. Situação que deixa profissionais da saúde e especialistas em alerta para um risco maior de propagação da Covid-19.

Em Montes Claros, 53% dos casos confirmados da doença, desde o início da pandemia, são de pessoas de zero a 39 anos – são 10.634 registros do total de 20.112 casos notificados até segunda-feira (8).

Nas últimas semanas, a secretária Municipal de Saúde, Dulce Pimenta, já havia falado em uma mudança do perfil de pacientes que buscavam as unidades de saúde de Montes Claros.

Nesta segunda-feira, em entrevista a uma TV local, Dulce alertou que esta segunda onda de casos da Covid-19 tem sido mais fatal. “Os pacientes têm agravado e evoluído para óbito em número muito maior”, afirma a secretária. Por isso os leitos de UTI têm sido mais demandados.

Ela aponta que, no início da pandemia, quando se registrava duas ou três mortes em 24 horas, havia preocupação e desânimo da equipe que faz o controle dos dados. No início desta semana, de domingo para segunda, ocorreram 24 óbitos – 16 moradores da cidade. Dez deles já tiveram a confirmação da Covid como causa da morte.

O índice de mortalidade ainda é maior entre os idosos – representam 76%. Mas o agravamento de casos entre os mais jovens preocupa e deve ser levado em consideração por esse público, que acaba circulando mais e desrespeitando as regras sanitárias. Das 320 vidas perdidas em Montes Claros até segunda-feira, 19 (5,77%) eram de pessoas de zero a 39 anos. A cidade já soma 20.112 confirmações da doença.
 
DISPARADA
Em função da escalada de casos e mortes, o município tem editado decretos cada vez mais restritivos, inclusive com toque de recolher. Agora, Montes Claros se enquadra na “Onda Roxa” do plano Minas Consciente, do governo do Estado, cujo cumprimento é obrigatório.

Desde a semana passada, a cidade sofre com a lotação dos leitos clínicos e de UTI. Os hospitais que são referência em Covid-19 chegaram a suspender os atendimentos por causa da superlotação. Mais unidades foram criadas, inclusive com parceria com hospitais privados, mas a situação continua estrangulada.

Dulce Pimenta disse que o município está realizando estudos para verificar se alguma nova variante do coronavírus está circulando em Montes Claros, mas isso ainda não foi detectado.

“É um desafio para a gestão pública, é um desafio para os profissionais que estão à frente, é um desafio para os hospitais que também estão fazendo de tudo para atender toda essa demanda”, afirmou a secretária.

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O avanço da Covid-19 em pessoas mais jovens também pode ser percebido em Minas. Novas cepas do vírus, desleixo no cumprimento dos protocolos sanitários e até o início da vacinação de idosos ajudam a explicar a mudança no perfil dos infectados.  

O cenário pode sobrecarregar ainda mais os leitos de terapia intensiva dos hospitais, que já estão no sufoco. Nesta terça-feira, dois bebês menores de 1 ano morreram por complicações da doença.
 
O cruzamento de notificações atuais da enfermidade com os dados de seis meses atrás confirma o avanço da enfermidade entre os mais novos. A proporção de mineiros de 10 a 19 anos doentes aumentou 44% nesse intervalo. Já na faixa etária de 20 a 29, o crescimento foi de 23,3%. Já em outras faixas etárias – como idosos com 60 anos ou mais – houve um recuo.
 
O infectologista Paulo Roberto Corrêa reforça que o perfil dos doentes mudou. “São públicos que têm tido mais aglomeração, não aderem muito ao uso de máscaras nos ambientes coletivos. Então, isso também favorece um pouco a transmissão”, afirma o especialista.
O médico também alerta que o número de internações e óbitos dos mais jovens tem crescido consideravelmente, aumentando os riscos para outras pessoas. “Temos uma demanda grande para idosos em leitos de enfermaria e UTI. Atingindo outra população, que é muito maior, pode intensificar o uso dos serviços de saúde”.

Para Estevão Urbano, infectologista e membro do Comitê de enfrentamento à Pandemia de BH, as novas cepas também são determinantes para o avanço da Covid. “Não só infecta mais, como causa doenças mais graves. Perdi pacientes com 32, 33 anos, infelizmente”, conta.

Luiz Augusto Barros, do Hoje em Dia

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