(HCMR/Divulgação)
Março foi um mês de tristes recordes em Montes Claros. A cidade registrou o maior número de casos de Covid-19 e também de mortes. Os dados superam, em muito, os do pico anterior, ocorrido em agosto do ano passado.
Em 31 dias, o município somou 7.968 confirmações da doença, o que dá uma média de 257 casos por dia. A quantidade de infectados no terceiro mês do ano é mais que o dobro da marca de agosto de 2020, que foi de 3.465.
Março também ostenta o maior registro de Covid em 24 horas: foram 561 confirmações no dia 30.
E os recordes não param por aí. A quantidade de mortes do mês supera todos os registros do ano passado. A maior cidade do Norte de Minas teve 271 óbitos em março, contra 228 de março a dezembro de 2020. O número corresponde a uma média de 8,7 vidas perdidas por dia.
O quadro caótico no mês passado também foi caracterizado pela falta de leitos para atendimento a pacientes com a Covid-19, escassez de oxigênio e de medicamentos usados na intubação de quem chegou ao estado mais grave da doença.
Com equipes médicas e de enfermeiros exauridas, no limite, a cidade foi fechada, integrando a “Onda Roxa” do plano estadual Minas Consciente desde 7 de março. A medida foi implantada como tentativa de barrar o avanço do coronavírus.
FATORES
Para a infectologista Cláudia Biscotto, o cenário pode ser atribuído a diversos fatores. “As férias, viagens, encontros familiares, aglomerações em geral que observamos nos primeiros meses do ano e, especialmente, no período de Carnaval, pode ter levado a um maior relaxamento da população, que achou que a pandemia já estava acabando”, explica a médica.
Nos meses de novembro e dezembro, por exemplo, Montes Claros registrou queda considerável no número de casos e de mortes pela Covid em relação aos meses anteriores. Mas logo no início de 2020, uma escalada dos registros começou e se agravou em março.
NOVA CEPA
Cláudia Biscotto aponta ainda o fato de ter sido identificada na cidade a nova cepa P1 (cepa Manaus) desde o início de fevereiro. “Isso nos oferece indícios de que ela já esteja circulando há cerca de dois meses no município, e ela é uma cepa mutante que está relacionada à maior disseminação do vírus, o que também colabora para o aumento do número de casos e, consequentemente, de óbitos pela doença”, pontua a especialista.
A infectologista frisa que o aumento da incidência e do número de óbitos por Covid em Montes Claros em março acompanhou o mesmo movimento que ocorreu em todo o país.
A médica não descarta ainda que o início da vacinação pode ter favorecido um relaxamento da população das medidas de distanciamento. “Na minha opinião, isso pode ter aumentado as exposições e, consequentemente, o risco”, avalia.
Montes Claros já imunizou 36.090 pessoas – sendo 28.065 com a primeira dose e 8.028 com a segunda dose. A cidade já recebeu 64 mil imunizantes. Neste fim de semana, serão protegidos idosos com 68 anos ou mais (no sábado) e 67 anos ou mais (a partir de domingo).
EXPECTATIVA
E a cidade entra em abril tendo que cumprir mais sete dias de lockdown para tentar derrubar os índices de contaminação. O município continua na “Onda Roxa” até 11 de abril.
“Precisamos acreditar que esses números vão cair nas próximas semanas. O ritmo de vacinação está indo mais rápido nas últimas semanas, a população está colaborando, como pode, e os resultados aparecerão, sem dúvida, em curto período de tempo”, afirma Cláudia Biscotto.