Corrida aos mercados faz cesta básica disparar em Montes Claros

Índice de aumento dos alimentos em abril bate 9,25% em Montes Claros, taxa 2,5 vezes maior que a registrada no mês de março

Christine Antonini
O Norte
08/05/2020 às 02:01.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:27
 (Divulgação)

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A incerteza do que estava por vir e o medo de ficar sem alimentos em casa geraram pânico na população montes-clarense que, logo no início da pandemia do novo coronavírus, correu para os supermercados e comprou mantimentos e produtos de limpeza além do necessário, para estocar. A consequência desse movimento foi a disparada dos preços, que pesou no bolso do consumidor e fez a inflação de abril bater recorde.

Segundo o estudo periódico do Departamento de Economia da Unimontes, a cesta básica em abril para os montes-clarenses teve uma alta de 9,25%.

O reajuste no custo geral dos 13 itens pesquisados pelo departamento, conforme relatório divulgado pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC), é 2,5 vezes maior que o registrado em março, que ficou em 3,59%.

Preferência número um dos brasileiros, o feijão carioquinha foi o maior vilão em abril, com alta de 46,3% no preço do quilo, em um intervalo de apenas 30 dias. O acompanhante ideal não ficou atrás. O preço do saco de 5 kg de arroz subiu 27,6%, deixando a combinação legitimamente brasileira bem salgada.

A batata (24,8%) e o leite (9,67%) vieram logo em seguida, com reajustes também consideráveis no mês passado.

Curiosamente, a carne bovina, que chegou a ter alta impressionante de 25% em dezembro do ano passado, foi um dos itens com menos impacto no custo da cesta: alta de 3,96%.

Segundo a coordenadora do IPC/Unimontes, Vânia Villas Boas, a maior frequência às compras por parte dos consumidores, interessados em estocar alimentos desde o isolamento social implantado no Brasil por causa da pandemia do novo coronavírus, é a principal causa desta alta tão significativa.

No entanto, para a coordenadora, há outro ponto que pode ser considerado. “Não se trata de uma regra geral, mas em alguns lugares percebemos que a escassez de determinados itens foi algo especulativo, passando a impressão de que aquele alimento poderia faltar mais rapidamente, o que de fato não aconteceu em momento algum”, explica a pesquisadora.
 
COMPARATIVOS
Para se ter uma ideia de como o índice de 9,25% registrado em abril impressiona a economista e sua equipe de estudos, no mesmo período do ano passado, a alta registrada na cesta básica em Montes Claros era de “apenas” 3,3%.

Em abril de 2019, o montes-clarense gastou 28,35% do salário mínimo para comprar a cesta básica. Agora, em abril de 2020, o custo foi bem maior: 35,9% do salário mínimo.

“Fica bem evidente a influência deste período de quarentena, com o novo costume de estocar alimentos além do essencial, algo inédito no hábito de compras do brasileiro”, acrescenta a professora.

Na análise, cabe ainda outra comparação: o acumulado do primeiro quadrimestre do ano. Em 2019, a inflação incidente sobre a cesta básica foi de 12,07% entre janeiro e abril e, em 2020, o reajuste chegou a 14,89% nos primeiros 120 dias.

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