Com lojas fechadas, mercadorias tomam as calçadas em Montes Claros

Sem poder vender, comerciantes do Shopping Popular montam bancas do lado de fora

Márcia Vieira
O Norte
12/05/2020 às 01:08.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:29
 (Divulgação)

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Com o aumento do número de casos da Covid-19 em Montes Claros, os cerca de 250 lojistas do Shopping Popular Mário Ribeiro veem cada vez mais distante a possibilidade de retornar ao trabalho. A cidade soma 27 casos confirmados da doença e 466 ainda sob investigação. Isso fez com que a prefeitura prorrogasse as medidas de isolamento social até 31 de maio, por meio de um novo decreto, publicado no último sábado.

Sufocados pela crise, os lojistas resolveram utilizar a calçada do local para vender os produtos. “Nós tomamos essa iniciativa porque encaminhamos um pedido à prefeitura para reabrir o shopping, com o compromisso de manter a higiene e segurança para nós e os clientes. Mas, até agora nenhuma resposta. Colocamos as mercadorias na praça, recebemos reclamação. Então decidimos usar a calçada do shopping. Temos 100% de perda. A maioria não tem outra fonte de renda e precisa vender para comer”, diz Leonardo Dias, representante da Comissão de Lojistas do Shopping Popular.

Ele diz não entender por que o município adota medidas diferentes para situações idênticas. “No centro está cheio de loja aberta. A concorrência está trabalhando, enquanto nós estamos impedidos de trabalhar. Quando vamos ao Prevmoc, não encontramos ninguém para nos atender e apontar uma solução”, acrescenta.

Os lojistas adotaram a medida para atender os clientes para o Dia das Mães e já adiantaram que vão continuar até conseguirem uma resposta da prefeitura.

A única forma de comercialização possível para aquela data especial e para os demais dias é por meio de delivery ou de drive thru, conforme estabelecido em decreto anterior. A prefeitura não informou o que será feito com relação às mercadorias na calçada. 

O sistema drive thru de atendimento, embora não exclua o shopping popular, não é bem aceito pela maioria dos comerciantes, pois parte da clientela não utiliza veículos.
 
DESESPERO
Outra lojista, D.L. não conseguiu o auxílio emergencial do governo federal e está sendo ajudada pela família, já que não tem outro trabalho.

“Sou comerciante e tenho apenas este serviço. Concordo com o isolamento social, mas a prefeitura fechou o shopping para evitar a contaminação. Não é justo que apenas o shopping esteja fechado. A teoria da administração cai por terra neste momento, pois o resto está aberto. Quando a prefeitura gasta para fazer propaganda, não coloca fiscalização e só fecha o shopping popular, eu me sinto roubada. A impressão que estou tendo é que o prefeito está querendo falir o shopping para depois a gente não ter condição de pagar e ele usar este argumento para vender o shopping”. 

Sobre possíveis negociações com relação ao espaço, D. diz que em nenhum momento a administração fez reunião ou enviou comunicado para tratar do problema. “Por enquanto, não estão nos cobrando. Eu entendo que isso é o justo, porque se não temos renda e está fechado, também não temos dívida. Desliguei tudo quando fechei e acho um disparate se chegar alguma cobrança”, disse.

A reportagem ligou para o instituto que administra o Shopping Popular, mas uma gravação disponibilizou três números de telefone celular para atendimento. Nos três números, ninguém atendeu às ligações.

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